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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

POUCAS LINHAS: "V de Vingança" (Alan Moore e David Lloyd)

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiH0FmOEhEqFogP-Zm2vMIOfB2wOzG0oPzwMizQxwZDwfmS-fDwmpkTwDurfBsH4kq2Ed_l7S-7tmd-WAZPa7Kdsh6CSWWwWE31keKMOMRn6UgwBMKstsOWxRbQfibgXWHtLaGjxRs1UwY/s1600/vdevinganca_2012.jpgTítulo: "V de Vingança"
Título Original: "V for Vendetta"
Autor: Alan Moore e David Lloyd (ING) 
Ano de Publicação: 1982 - 1989
Ano de Publicação no Brasil (esta edição): 2012
Quando foi lido: 17/01/2014 - 21/01/2014
Editora: Vertigo Panini Books
Tradução: Helcio de Carvalho e Levi Trindade
Arte da Capa: David Lloyd
Número de Páginas: 289


[SEM SPOILERS]







Os futuros ditópicos não são novidade para ninguém hoje em dia, principalmente no que consta à literatura, cinema, quadrinhos e etc. Então qual seria o diferencial de uma HQ concluída há quase 30 anos atrás?


A distopia em "V de Vingança" não tem seus alicerces em uma tecnologia extremamente avançada. De fato, os aparatos tecnológicos ali presentes não são muito distintos dos que estavam realmente disponíveis na época.


O Estado é totalitário, claro, vigiando tudo e a todos, caçando minorias e instaurando muito mais medo do que respeito em sua população. No entanto, a história consegue se focar também nas relações interpessoais de personagens que, no primeiro momento, possam parecer apenas coadjuvantes.


O Sistema ainda está lá, gerenciando tudo. Mas as pessoas ainda vivem, pensam e têm seus próprios conflitos.


É realmente muito cativante no final das contas.


Ah, e isso que nem comentei do enigmático anti-herói, V. Baseado em pressupostos anarquistas e munido de citações literárias e da cultura pop, ele é incrivelmente envolvente. Mesmo você podendo não concordar com seu discurso ou seus atos em alguns momentos, é muito difícil não pensar nas palavras que esse ser enigmático profere.


O roteiro da história é muito bom, com a narrativa variando diversas vezes de personagens e até para um narrador oculto de vez em quando. Alan Moore consegue realmente mostrar seu peso nessa graphic novel.


A arte de David Lloyd é interessante. No início até estranhei um pouco, mas aos poucos consegui me acostumar e perceber alguns detalhes em seu estilo que acabei admirando bastante.


É uma obra excelente, na minha opinião. 

Se fosse para destacar um ponto específico eu diria o Tomo Dois: "Este Vil Cabaré", que achei incrível.

Quanto ao filme (impossível não falar sobre), ainda acho que é uma adaptação justa e boa. Apesar de não ter tantas nuances e nem todos personagens, continua sendo um bom filme e uma boa representação da história.

(mas a graphic novel é melhor)





http://www.mtv.com/movies/photos/v/vendetta_comic_flip_060310/010.jpg


 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyfo5CduZUa4asN29v0pjfBqQW4FIi21aH5pISqvi2Iw1iVPNduKtGqV0uvO8a9NBIT5PtNyv4N1CYRL0GNy-mD1Su_Q_hEKOCyNk2zdD1SFfc1AELVBMqTR9UiRNkV0Tl7mvsS9Rtoso/s1600/v+for+vendetta_comic_04.jpg



https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiljLdfSOwlJa7GyJBYXNq86NKWjIOwh3Glkq_gNF3y6lMK2qm8wYkOOIViuePUS1_nbTSSjbgq8uv2a2EMEy5MrcFnANHd2Pa-wSd_kTs4ws-4gYo7n8brkSeDVI34VD5KYzyL55IKpD8/s1600/v+for+vendetta_comic_03.jpg







LIVRO:
V de Vingança, escrito por Alan Moore e David Lloyd. Vertigo. Tradução: Helcio de Carvalho e Levi Trindade.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

PSEUDO-RESENHA: "O Oceano no Fim do Caminho" (Neil Gaiman)

Título: "O Oceano no Fim do Caminho"
Título Original: "The Ocean at the End of the Lane"
Autor: Neil Gaiman (ING) 
Ano de Publicação: 2013
Ano de Publicação no Brasil (esta edição): 2013
Quando foi lido: 13/01/2014 - 14/01/2014
Editora: Intrínseca
Tradução: Renata Pettengill
Arte da Capa: Jamie Lynn Kerner
Número de Páginas: 202





[Só pra constar, não há spoilers nem nada que comprometa significativamente a leitura, a não ser quando sugerido]




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "A Agonia da Intimidade" (Jeanette Winterson)

Eu sempre gostei muito de mitologia grega. O que começou com o simples fascínio por Cavaleiros do Zodíaco tornou-se algo maior, uma área de interesse na qual já gastei algum tempo pesquisando e aprendendo.


Depois, claro, tudo evoluiu para o descobrimento de outras mitologias: egípcia, nórdica, celta, etc.


Mas acontece que quem conhece mitologia grega sabe que nem tudo é um mar de rosas, com batalhas épicas, histórias fantásticas e personagens cativantes. Muita coisa lá é de um gosto um tanto quanto perturbador.


A inglesa Jeanette Winterson parece ter se ligado nisso e trouxe à vida uma história um pouco peculiar, misturando erotismo, mitologia grega e críticas à sociedade.


É difícil entender em qual período histórico se passa "A Agonia da Intimidade". A princípio, parece a atualidade, mas então nos deparamos com personagens da mitologia, inclusive a presença de Zeus. Isso, estranhamente, não chegou a tornar a história confusa.


Tudo gira em torno das reflexões e angústias da protagonista e narradora sobre o que aconteceu com sua colega de escola Dafne: ela foi perseguida por Zeus e quase estuprada por ele, mas antes que isso pudesse acontecer, Gaia (deusa da Terra) a transforma em árvore. De acordo com a mitologia grega, isso de fato aconteceu com Dafne (uma ninfa), mas de forma um pouco diferente.


Enfim, então a protagonista se encontra com outras duas personagens: Leda e Helena de Troia. Elas contam suas histórias e se compadecem com nossa protagonista, discutindo sobre esse mundo onde os deuses ainda podem cometer atrocidades com as mulheres mortais. 


Isso até poderia parecer uma viagem se não fosse por um momento na fala de Helena, onde ela compara tal sociedade com uma sociedade de "não responsabilidade e ao mesmo tempo de culpa". 



http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/02036/jeanette_2036449c.jpg
Jeanette Winterson (1959)


Junto com outros momentos do conto (que tem menos de 10 páginas), podemos perceber um manifesto a favor dos direitos da mulher e sua igualdade perante aos homens. 



  
Os "deuses-estupradores" não são responsabilizados por seus atos, enquanto as mulheres, as vítimas nesse caso, ainda têm que lidar com uma sociedade que alega que elas foram as culpadas, já que deixaram aquilo acontecer. 


Além disso, o próprio título, "A Agonia da Intimidade", revela outro ponto: muitas mulheres ainda tendem a ser criadas numa cultura onde elas, apenas por serem mulheres, não podem desejar e/ou explicitar seu desejo pela intimidade ou pelo sexo, pois "boas meninas não agem assim". 


Na atualidade, com tantas reivindicações feministas por uma sociedade igualitária, o conto constitui-se de uma boa leitura para reflexão, lembrando que o debate é importante e também não devemos nos inclinar a qualquer tipo de extremismo.


Continuo gostando de mitologia grega, até porque praticamente todas mitologias possuem histórias absurdas e grotescas, mas é sempre bom relembrar da parte escura de cada história, do outro lado da moeda.


Portanto, recomendo ;)






NOTA: 7 / 10






[conto em inglês na íntegra no site da autora: The Agony of Intimacy. ]




LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara. Traduzido por: Débora Landsberg. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

10 GRANDES ESCRITORES VEGETARIANOS

Para comemorar o dia 1 de Outubro, o Dia Mundial do Vegetarianismo, venho aqui trazer 10 grandes escritores que aderiram a essa prática/filosofia. 


Particularmente, não sou vegetariano, mas, mesmo assim, respeito quem tenha essa perspectiva e acho interessante ressaltar grandes nomes da Literatura que pensavam e agiam assim!




 
JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712 - 1778)


Escritor e filósofo suíço, Rousseau ficou mais famoso por seus textos políticos e por seus ideais de liberdade ao afirmar em sua célebre frase: "O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros. Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles." 

Sua obra mais famosa é "Do Contrato Social".





terça-feira, 3 de setembro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "Sangue Falso" (Will Self)

Bom, para começar o CONTO POR CONTO #3 da Revista Granta: "Medidas Extremas", temos, então, um relato de não-ficção de um escritor bem desconhecido aqui no Brasil: o britânico Will Self.


O cara já escreveu nove romances, cinco livros de contos e diversas colunas para revistas gringas famosas (The New York Times, The Guardian, Playboy, etc) e, mesmo assim, nunca ouvi um único pio brasileiro sobre Will Self, tampouco nenhum título seu em livrarias tupiniquins, a não ser, claro, nessa edição da Granta.


"Sangue Falso" conta a história verídica do autor sobre quando ele descobriu que possuía uma doença rara do sangue chamada "policitemia vera". Com essa doença, há um aumento exagerado de hemoglobinas na circulação sanguínea, fazendo a pessoa ficar "empanturrada de sangue". Para tratamento, geralmente é necessário passar por sessões de flebotomia, que são basicamente sessões de "drenagem" de sangue para tirar o excesso e a viscosidade do mesmo.


A coisa interessante desse relato (publicado originalmente no The Guardian) é, na verdade, as reflexões que Self faz sobre sua antiga vida de usuário de heroína (ele começou a se drogar ainda na adolescência) e sobre seus entes queridos que vão adoecendo. 


http://www.ed.ac.uk/polopoly_fs/1.111784!/fileManager/willself-3.jpg
Will Self (1961)
Ele, na verdade, tem motivos para isso, principalmente quanto a uma terrível doença em particular: seus pais morreram de câncer, sua mulher teve câncer de mama e fez uma mastectomia e alguns de seus amigos ainda passam dificuldades por causa dessa mesma doença.


Dessa forma, Self ainda nos fala sobre suas impressões de ser um ex-viciado que precisa tratar uma doença séria com o auxílio de agulhas e reflete sobre a possibilidade de haver uma relação metafórica entre as doenças e a vida do enfermo.


A reposta dele é interessante e brutalmente realista...


Eu gostei do texto, achei super válidos os pontos que ele discute, incluindo suas próprias experiências e opiniões, ainda mais pelo fato de ele conseguir satirizar a própria situação. 


Claro, não acho que seja uma leitura tão agradável para alguns leitores, pois a situação de Will e daqueles à sua volta torna a leitura um pouco pesada, mesmo que ele utilize muito do humor para narrar tudo (tive até mesmo que conferir na internet para acreditar que aquilo tudo era a verdade sobre a vida do autor). 


Enfim, achei uma boa experiência e me fez ficar curioso sobre outros títulos de Will Self ;)






NOTA: 7 / 10







LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara. Tradução: Cássio de Arantes Leite.     

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

REVISTA GRANTA

 http://ad.granta.com/GrabCommonFileStorageImage.aspx?ImageGuid=f0e94ce9-f30c-481b-bb5b-243354f203b8


Na verdade, esse post serve mais para introduzir o próximo CONTO POR CONTO do que realmente para qualquer outra coisa. Mesmo assim, acho interessante falar sobre essa revista literária que, apesar de mal conhecer e nunca ter lido nada, já considero um monte xD


Em homenagem ao antigo nome do Rio Cam, o rio que atravessa a cidade de Cambridge, a Granta foi criada em 1889 por estudantes da famosa e bem renomada Cambridge University. A princípio, a ideia era publicar textos, principalmente literários e políticos, como forma de entreter os estudantes de todo o campus da universidade.

Acabou que até alguns nomes mais conhecidos, como o de Sylvia Plath (famosa poetisa que escreveu também "A Redoma de Vidro"), acabaram aparecendo na revista antes mesmo de terem qualquer respaldo da crítica ou do mercado.


O negócio da Granta ia bem até a década de 70, quando os estudantes começaram a ficar meio apáticos à revista; felizmente, antigos membros da Cambridge University decidiram comprá-la no final daquela década e transformaram-na em uma revista especializada em "novos nomes" da literatura.


"Granta 1: New American Writing" (1979)
Dessa forma, a revista conseguiu se reerguer e se globalizar, levando aos poucos suas edições da Inglaterra para o mundo. Muitos escritores conhecidos acabaram publicando histórias, artigos ou reportagens na revista, inclusive quando eles não eram muito reconhecidos fora dela.


Além de enviar para outros países, a Granta começou, em 2009, a traduzir para diversas outras línguas suas edições (inclusive para o português). Aliás, de acordo com o site oficial, eles até hoje imprimem todas as edições DESDE 1979... o que é uma coisa bem interessante se você quiser algo bem específico...


A Granta lança quatro edições ao ano, ou seja, a cada trimestre temos uma seleção de histórias de autores diferentes seguindo uma temática específica, o que, particularmente eu acho muito interessante;

Também temos, claro, as publicações de "Melhores Jovens Escritores...", onde já tivemos, veja só, uma de "Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros"!


No Brasil, as edições são publicadas pelo selo Alfaguara e custam um preço ainda meio salgado (40 dilmas).


Enfim, a Granta parece ser uma revista literária de tradição e que tem uma proposta super válida de chamar a atenção para novos e velhos nomes da literatura. 

Acho que vale a pena conferir ;)




------------------------- SÓ PRA CONSTAR ----------------------------

O próximo CONTO POR CONTO, "CONTO POR CONTO #3", será da 10ª edição em português, chamada "Medidas Extremas"; é a única que eu tenho da Granta (e pretendo que não seja a única). Foi lançada no Brasil no verão de 2012; lá na gringa já tinha sido lançada no outono de 2011, sob o título de "Horror";


De qualquer forma, reúne alguns textos de ficção e não-ficção sobre o tema e decidi trazer as minhas considerações de cada um deles (:


Então, até mais... 



terça-feira, 27 de agosto de 2013

PRIMEIRAS PALAVRAS #1


http://static.freepik.com/fotos-gratis/textura--paginas-caderno--cartas_3308149.jpg






http://clubinhodoslivros.tk/wp-content/uploads/2013/06/BERENICE_1341032321P.jpg"A miséria é múltipla. A desgraça do mundo é multiforme. Cingindo o vasto horizonte como o arco-íris, suas colorações são tão variadas quanto as colorações do fenômeno - e também são distintas, e contudo tão intimamente combinadas. Cingindo o vasto horizonte como o arco-íris! Como pode ser que da beleza derivei um tipo de desencanto? - da aliança da paz um símile da tristeza? Mas assim como, em ética, o mal é consequência do bem, igualmente, com efeito, da alegria nasce a tristeza. Ou a lembrança de uma felicidade passada é a angústia do hoje, ou as agonias existentes têm sua origem nos êxtases que poderiam ter existido."

"Berenice" (1835), Edgar Allan Poe





segunda-feira, 15 de julho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "A Casa Mal-Assombrada" (Edith Nesbit)

Ah, a casa mal-assombrada...


A velha e boa casa mal-assombrada hoje em dia parece um clichê monstruoso em qualquer meio de entretenimento, mas o fato é que durante um bom tempo, como é o caso na maioria dos clichês, essa temática foi muito valorizada na literatura e, obviamente, mais ainda nas histórias de horror e terror.


Quer dizer, atualmente, é possível fazer algo bom partindo dessa temática; entretanto, apenas fugirá da visão de clichê se ela sobressair-se e apresentar algum diferencial... e muitos autores mais modernos conseguem isso.


Mas isso realmente não vem muito ao caso já que a história em questão foi escrita em uma época mais remota, em 1903 (contrariando, mais uma vez, o título do livro). Além disso, ela já tem um diferencial por ser algo destoante do restante na carreira literária de sua autora, Edith Nesbit, que dedicou-se muito mais à escrita de histórias infantis.


No conto, acompanhamos Desmond, o protagonista que, sentindo-se extremamente solitário, alegra-se ao ver uma nota no jornal feita por seu antigo amigo Wilton Prior. Apesar de ser sobre um assunto estranho, uma suposta casa mal-assombrada, ele decidi tomar suas chances e ir visitar o amigo.


Qual não é sua decepção ao chegar lá e perceber que a pessoa não era de fato o Wilton que ele conhecera. Supostamente, o sr. Prior era o tio e possuía o mesmo nome de seu antigo amigo. Mesmo assim, ele decide permanecer na companhia do simpático e excêntrico sr. Prior.


http://www.edithnesbit.co.uk/images/edith-nesbit-3.jpg
Edith Nesbit (1858 - 1924)
Mas algo, evidentemente, está errado. A atmosfera do local era estranha e os empregados de Wilton eram mais estranhos ainda. Ele ouve a história do suposto fantasma, mas não acredita e nem se interessa muito pela narrativa do anfitrião.


Assim, ele passa sua primeira noite na casa. No dia seguinte, acorda terrivelmente fraco e doente. Os empregados e o sr. Prior, que tinham conhecimentos de química, tratam durante dias da saúde de Desmond até ele se recuperar.


É aí que ele, em retribuição ao auxílio médico e atenção de todos, decide tentar ajudar Prior a afastar de uma vez por todas a assombração...


E, naturalmente, ele terá surpresas...

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FINAL (SPOILERS): Desmond tenta fazer o que Wilton pede e, subitamente, é atacado por este. Completamente subjugado, ele descobre que Wilton faz experiências com todos que passam por aquela casa e que o fantasma, na verdade, era ele o tempo todo. A assombração era apenas um pretexto para retirar amostras de sangue dos hóspedes e de animais para então fazer experiências com transfusões de sangue, explicando assim o comportamento de seus empregados. Felizmente, Desmond consegue escapar depois que um dos empregados "transfusionados" rebela-se contra seu "mestre", prendendo-o. Um final feliz. [Gostei bastante do fato de Prior querer alguém que tivesse o sangue bem "misturado", como sinal de força, por isso escolhendo Desmond pela sua variada ascendência]
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Gostei da história. Não sei se foi pela tradução, mas a linguagem estava realmente muito fácil, uma coisa não tão comum em histórias centenárias. 


É razoavelmente envolvente; não é o plot mais incrível e empolgante do mundo, mas com certeza quebra o galho tranquilamente e é um bom entretenimento.


Agrada porque o conto acaba fugindo um pouco da premissa clássica de assombração, explorando outras variações para essa premissa.


Finalmente, me incomodou um pouco apenas o fato de Desmond não ter estranhado muito o fato de seu amigo e o dono da casa terem exatamente o mesmo nome (sendo que o próprio Desmond diz no início que Wilton Prior não era um nome muito comum...)






 NOTA: 8 /10  








LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Adriano Schwartz.

terça-feira, 9 de julho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "Bárbara, da Casa de Grebe" (Thomas Hardy)

Todo mundo conhece esta premissa clássica e que talvez já tenha se tornado clichê: 


No século XVIII, a menina de família nobre apaixona-se por um plebeu e foge com ele para serem felizes para sempre e tocando o foda-se para a sociedade dividida e hierarquizada proposta pelos seus antecessores.


A princípio, é isso que "Bárbara, da Casa de Grebe" dá a impressão de ser.


Felizmente, Thomas Hardy criou um conto que se desenvolve e acaba trazendo uma história muito mais interessante do que filmes de Sessão da Tarde com a mesma "base".


Bárbara, filha de poderosos aristocratas da Inglaterra, foge para casar-se com o plebeu Edmond Willowes, causando o desespero de sua família. Apesar de Willowes possuir notáveis atributos físicos no que tange à beleza facial principalmente, ele não possui muita formação intelectual uma vez que foi educado apenas com o básico pela sua mãe viúva.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d2/Thomas_Hardy_by_William_Strang_1893.jpg/220px-Thomas_Hardy_by_William_Strang_1893.jpg
Thomas Hardy (1840 - 1928)
O problema surge, como era esperado, no fato de que nenhum dos dois consegue trazer dinheiro suficiente para manter uma vida longe da família de Bárbara e, assim, eles têm de voltar para a cidade. 


Para a sorte deles, os pais dela aceitam o casamento, mas com a condição de Edmond fazer uma viagem de um ano por diversos países e, com o auxílio de um tutor, adquirir conhecimentos dignos da mão de Bárbara.


Eles aceitam a proposta e ele parte; trocam cartas durante todo o tempo e tudo anda às mil maravilhas, apesar da distância. 


Mas, obviamente, as coisas vão ficar um pouco mais complicadas...


O jovem rapaz sofre um terrível acidente e fica com seu rosto irreconhecível de tão desfigurado. Bárbara naturalmente fica preocupada, porém, ratifica seu amor por Edmond, mesmo não sabendo como ele poderia estar.


E ele volta. 
E descobrimos que, talvez, nem mesmo um "amor verdadeiro entre castas" pode suportar um golpe tão forte na aparência de um dos envolvidos...

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SPOILERS (NÃO TODOS PQ É BASTANTE COISA): Bárbara acaba repudiando seu novo marido. Ele, frustrado, acaba se isolando novamente, prometendo voltar em um ano para ver se ela o aceitaria. Ela, sentindo-se extremamente culpada, espera ansiosamente, mas ele não volta durante anos. Sendo assim, ela casa com outro nobre, o qual não ama. Depois de um tempo, surge uma estátua que há muito havia sido encomendada por Edmond: uma estátua de si mesmo que enviara para Bárbara enquanto estava viajando com o tutor. Nela, ele ainda está com sua beleza no auge. O resto é mais legal se você ler ;)
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Curti bastante o conto justamente por causa do que comentei no início: tem uma premissa boba que parece boba e clichê hoje em dia, mas tudo simplesmente se transforma.


Me deparei fissurado na leitura em muitos pontos. As únicas partes realmente monótonas foram as primeiras páginas, onde Thomas Hardy parecia tentar nos afogar em tanta informação e sua escrita (bem trabalhada em toda obra) acaba "assustando" um pouco.


Além disso, apesar de gostar do final definitivo, tive a impressão de ele ser um pouco corrido, como se Hardy tivesse ficado de saco cheio e esquecido da narrativa rica, tentando acabar de uma vez por todas com o conto.


Tirando isso, um conto um pouco mais longo (33 páginas), mas muito bom.





NOTA: 9 / 10







 


LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Alexandre Hubner.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

CONTO POR CONTO #1: "O Cone" (H.G. Wells)

Terceiro conto da antologia "Contos de Horror do Século XIX", "O Cone" foi escrito pelo mestre da ficção científica, H. G. Wells (mas esse conto não é sci-fi). Além disso, nessa edição da Companhia das Letras, a história foi traduzida e apresentada por Moacyr Scliar, famoso escritor brasileiro e já falecido.



 
Publicado em 1895, "O Cone" trata, basicamente, de vingança. Rauts, um cara de espírito artístico, mantém um caso com uma mulher casada. Logo quando ela declara seu amor para Rauts, ambos percebem a presença de mais alguém na "cena": Horrocks, o marido. 


 
O problema é que eles não sabem ao certo se Horrocks havia escutado a declaração, pois Rauts é, aparentemente, um amigo do casal e o próprio Horrocks não reage imediatamente à situação. 

 
Para tentar se safar, Rauts inventa um pretexto para sua presença, dizendo querer que Horrocks mostrasse uma paisagem que havia prometido ser bela. Entretanto, tal paisagem só é possível ver perto das chaminés de uma fundição que, por sua vez, é administrada por Horrocks.
H. G. Wells

 
Com o decorrer da história a gente vê se de fato Horrocks descobriu a traição e acaba descobrindo o que é, afinal de contas, o "cone".

 
Particularmente, eu achei o conto bom e acima da média, com certeza. Entretanto, mesmo sendo bem curto, também achei um pouco cansativo em algumas partes que pareceram um pouco desnecessárias ou extensas demais.  


De qualquer forma, não foi nada que "estragasse" a leitura ou eliminasse a tensão que ela proporciona. (:








NOTA:   8/10 













LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Moacyr Scliar.