terça-feira, 9 de julho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "Bárbara, da Casa de Grebe" (Thomas Hardy)

Todo mundo conhece esta premissa clássica e que talvez já tenha se tornado clichê: 


No século XVIII, a menina de família nobre apaixona-se por um plebeu e foge com ele para serem felizes para sempre e tocando o foda-se para a sociedade dividida e hierarquizada proposta pelos seus antecessores.


A princípio, é isso que "Bárbara, da Casa de Grebe" dá a impressão de ser.


Felizmente, Thomas Hardy criou um conto que se desenvolve e acaba trazendo uma história muito mais interessante do que filmes de Sessão da Tarde com a mesma "base".


Bárbara, filha de poderosos aristocratas da Inglaterra, foge para casar-se com o plebeu Edmond Willowes, causando o desespero de sua família. Apesar de Willowes possuir notáveis atributos físicos no que tange à beleza facial principalmente, ele não possui muita formação intelectual uma vez que foi educado apenas com o básico pela sua mãe viúva.


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Thomas Hardy (1840 - 1928)
O problema surge, como era esperado, no fato de que nenhum dos dois consegue trazer dinheiro suficiente para manter uma vida longe da família de Bárbara e, assim, eles têm de voltar para a cidade. 


Para a sorte deles, os pais dela aceitam o casamento, mas com a condição de Edmond fazer uma viagem de um ano por diversos países e, com o auxílio de um tutor, adquirir conhecimentos dignos da mão de Bárbara.


Eles aceitam a proposta e ele parte; trocam cartas durante todo o tempo e tudo anda às mil maravilhas, apesar da distância. 


Mas, obviamente, as coisas vão ficar um pouco mais complicadas...


O jovem rapaz sofre um terrível acidente e fica com seu rosto irreconhecível de tão desfigurado. Bárbara naturalmente fica preocupada, porém, ratifica seu amor por Edmond, mesmo não sabendo como ele poderia estar.


E ele volta. 
E descobrimos que, talvez, nem mesmo um "amor verdadeiro entre castas" pode suportar um golpe tão forte na aparência de um dos envolvidos...

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SPOILERS (NÃO TODOS PQ É BASTANTE COISA): Bárbara acaba repudiando seu novo marido. Ele, frustrado, acaba se isolando novamente, prometendo voltar em um ano para ver se ela o aceitaria. Ela, sentindo-se extremamente culpada, espera ansiosamente, mas ele não volta durante anos. Sendo assim, ela casa com outro nobre, o qual não ama. Depois de um tempo, surge uma estátua que há muito havia sido encomendada por Edmond: uma estátua de si mesmo que enviara para Bárbara enquanto estava viajando com o tutor. Nela, ele ainda está com sua beleza no auge. O resto é mais legal se você ler ;)
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Curti bastante o conto justamente por causa do que comentei no início: tem uma premissa boba que parece boba e clichê hoje em dia, mas tudo simplesmente se transforma.


Me deparei fissurado na leitura em muitos pontos. As únicas partes realmente monótonas foram as primeiras páginas, onde Thomas Hardy parecia tentar nos afogar em tanta informação e sua escrita (bem trabalhada em toda obra) acaba "assustando" um pouco.


Além disso, apesar de gostar do final definitivo, tive a impressão de ele ser um pouco corrido, como se Hardy tivesse ficado de saco cheio e esquecido da narrativa rica, tentando acabar de uma vez por todas com o conto.


Tirando isso, um conto um pouco mais longo (33 páginas), mas muito bom.





NOTA: 9 / 10







 


LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Alexandre Hubner.

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