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terça-feira, 27 de agosto de 2013

PRIMEIRAS PALAVRAS #1


http://static.freepik.com/fotos-gratis/textura--paginas-caderno--cartas_3308149.jpg






http://clubinhodoslivros.tk/wp-content/uploads/2013/06/BERENICE_1341032321P.jpg"A miséria é múltipla. A desgraça do mundo é multiforme. Cingindo o vasto horizonte como o arco-íris, suas colorações são tão variadas quanto as colorações do fenômeno - e também são distintas, e contudo tão intimamente combinadas. Cingindo o vasto horizonte como o arco-íris! Como pode ser que da beleza derivei um tipo de desencanto? - da aliança da paz um símile da tristeza? Mas assim como, em ética, o mal é consequência do bem, igualmente, com efeito, da alegria nasce a tristeza. Ou a lembrança de uma felicidade passada é a angústia do hoje, ou as agonias existentes têm sua origem nos êxtases que poderiam ter existido."

"Berenice" (1835), Edgar Allan Poe





terça-feira, 13 de agosto de 2013

Quatro histórias que me fazem crer que King, Poe, Stoker e Storm não tinham gatos como bichos de estimação

De forma ampla e extremamente generalizante, vejo que há uma grande divisão na humanidade em três grupos distintos. Um grupo denomina "cachorrista" enquanto a outra é "gatista" e a outra é talvez um "middle group", onde as pessoas ou não se importam ou não "tomam partido".


Sei lá. De qualquer forma, isso tudo é simplesmente eu viajando e construindo uma introdução para um post...   

O fato é que, na ficção, na literatura, tenho reparado que um desses grupos me parece ganhar conotações bem negativas. Quer dizer, né, ultimamente tenho lido mais horror/terror/suspense e, com certeza, são muitas as vezes em que um gato está inserido nessas histórias e acaba se tornando um personagem agourento, vilão ou semeador da discórdia.


Sacanagem, é claro; coitados dos gatos. Mas, na terra do horror/terror/suspense, os papéis do "lado do bem" nem sempre podem ser preenchidos por animais tão independentes, calmos e "misteriosos" por natureza.


Então, aqui cito 4 histórias curtas, de 4 autores diferentes, nas quais esses bichanos participam diretamente na desgraça do protagonista e na instauração do caos!



sábado, 8 de junho de 2013

CONTO POR CONTO#1: "A Casa de Bulemann" (Theodor Storm)

Ai, ai...

A velha e sinistra casa que está sempre trancada e, aparentemente, é alvo de assombrações... Scooby-Doo? Talvez "A Casa Monstro?"

Não, não.

Essa ideia de base talvez não seja a mais original do mundo nos dias de hoje, tratando-se do universo do horror. Mas há de se admitir que no século XIX essa premissa não era tão manjada assim e uma variedade imensa de escritores podia fazer uma variedade imensa de histórias como essa e, com certeza, seriam prestigiadas e, possivelmente, consideradas boas até hoje. 

Além disso, há o fator claro de que, no século XIX, casarões escuros e abandonados (às vezes até com algumas características góticas) estavam muito mais presentes no cotidiano das pessoas da época, tornando o medo e a angústia mais "reais".

Ajuda também, obviamente, se o autor consegue criar todo um contexto, uma história para girar em torno da terrível casa, mostrando quem a habitava através de "pinceladas" sutis de crueldade para dar vida ao personagem principal. 

http://myweb.dal.ca/waue/Trans/Storm-Oktoberlied-Portrait-this.jpg
Theodor Storm (1817-1888)
O escritor alemão, Theodor Storm, conseguiu fazer isso.


Ele nos traz a história do frio e detestável sr. Bulemann, dono do casarão sombrio construído pelo seu também detestável pai. Bulemann vive isolado, apenas na companhia de seus dois gatos e de sua empregada ("serva" também serviria) sra. Anken. 



O mal-humor e a grosseria de Bulemann ficam logo conhecidos por toda a vizinhança, que teme até mesmo passar perto da porta da terrível casa. Um dia, entretanto alguém bate à porta. No caso, é a meia-irmã de Bulemann que, estando praticamente miserável, vai pedir ajuda ao irmão para supostamente salvar a vida de seu filho (sobrinho de Bulemann). Ele nega automaticamente a ajuda, ainda por cima ferindo gravemente o próprio sobrinho doente.


Poucos dias depois, sabe-se do fim trágico da pobre criança. O perverso dono da casa naturalmente não dá a menor bola para o fato. Entretanto, é aí que coisas estranhas começam acontecer.

http://u.jimdo.com/www49/o/sfdae07a3059bdb73/img/i742020a48adfa831/1361230454/std/image.jpg
"Bulemanns Haus" (1864)

Como que por uma maldição pelo mal que causou à própria irmã, Bulemann percebe algo bizarro acontecendo aos seus tão estimados gatos. Aos poucos, eles estão se transformando em criaturas estranhas, maiores e mais perigosas enquanto ele próprio começa a entrar em uma terrível armadilha, onde ele deverá lutar para que isso não sele o destino decadente da casa.





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SPOILER (FINAL): as criaturas-gato prendem Bulemann dentro da casa. Por exaustão e inanição, ele sucumbe à vigia das terríveis bestas. Entretanto, ao invés de morrer, Bulemann continua vivo, mas seu corpo começou a se encolher e se transformar em algo pequeno e deformado, em algo grotesco, pífio e frágil que o faz reconsiderar suas atitudes passadas na sua própria casa, sua prisão. 
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A narrativa desenvolve-se com muita facilidade e a história é intrigante, nos incitando a mergulhar de cabeça no universo estranho criado dentro daquele casarão. É interessante também o fato do autor trazer mais de uma perspectiva de tempo durante a história. Começamos no "presente", passamos para um "passado muito distante", então um "passado não tão distante" e por fim retomamos ao "presente" inicial.


Ah, e o final... bom, só posso dizer que eu, com certeza, não esperava por aquilo. xD





NOTA: 9 / 10





LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Modesto Carone.

domingo, 2 de junho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "Melück Maria Blainville, a Profetisa Particular da Arábia" (Achim Von Arnim)

Nunca gostei muito dessas histórias de profetisas, cartomantes e derivados. Minha suspensão de descrença parecia nunca funcionar quando se tratava de desses personagens e suas tramas. Simplesmente não sei o que acontecia.

Entretanto, esse conto até me interessou a princípio por conta de seu título enorme (e explicativo demais, talvez) e pelo nome do autor (desconhecido até então por mim) que mais se assemelha à uma onomatopeia de espirro (ou não).

Apesar do nome, o sr. Achim foi e ainda é considerado um dos grandes poetas da literatura alemã de todos os tempos.

Mas quanto à história? 
 
Bom, o conto é mais longuinho, quase 30 páginas se não me engano, e com diversos acontecimentos que tecem sua trama. 

Resumindo mal e porcamente e sem spoilers (eu acho):

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Primeiro, surge em Marselha, França, uma mulher, vinda de um navio turco e disposta a se converter para ao catolicismo. Ela logo consegue isso e é batizada como Melück Maria Blainville. Aos poucos, ela vai ficando bem conhecida em toda cidade por sua beleza e seus ótimos dotes artísticos, ganhando, assim, diversos pretendentes que ela genuinamente ignora.

Um dia, um grande aristocrata, o conde Saintree, chega em Marselha e encontra-se com Melück. Ela se apaixona perdidamente por ele e acabam tendo um caso. O problema é que o conde era compremetido e, cheio de culpa, volta para sua casa para casar-se com Mathilde, a condessa.

Depois de um tempo, a condessa pede para visitar Marselha com seu marido e lá encontram Melück que, após ser humilhada publicamente, amaldiçoa o pobre conde.

Quase morrendo, Saintree acaba pedindo a um amigo estudioso em "artes secretas" que desfaça a maldição imposta, e este vai até Melück que acaba cedendo e devolvendo a saúde ao conde, mas dizendo que ele só viverá enquanto ela viver. 

Dessa forma, Mathilde e Saintree acabam chamando Melück para viver em sua propriedade, pois assim ficaria mais segura e não poria a vida do conde em risco.

Os anos passam e eles vivem pacificamente juntos, até que Melück começa a anunciar profecias horríveis para todos naquela casa, anunciando o fim de todos junto com uma grande mudança no país em que vivem.


A partir daí é spoiler: a grande mudança no país é a Revolução Francesa. Apesar de a apoiarem no início, o conde e sua família são ricos e poderosos e acabam sendo caçados pelo povo mais extremista da Revolução. Com as consequências horríveis dessa caça, o autor tenta fazer uma crítica à essa revolta na França que, apesar de ter melhorado muito a política francesa e do mundo todo, acabou tornando-se excessivamente violenta e irracional.  Esse foi um dos pontos mais interessantes da narrativa, de fato.

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Então...

http://literature11.pbworks.com/f/1268079018/percy_bysshe_shelley.jpg
Achim Von Arnim (1781 - 1831)
Não foi dessa vez que gostei realmente de uma história de profetisa. Sabe, tem partes interessantes e que prendem a atenção mas não achei aquilo tudo...

Na realidade, eu acho que o problema não foi nem a personagem Melück e nem a história em si. Foi a narrativa, mesmo. Apesar do grande prestígio de Achim Von Arnim, achei sua escrita por vezes arrastada e prolixa demais.

Não leve a mal. Nem sempre ser bem descritivo é ruim, mas acho que, às vezes, em determinadas situações, é bom que você dê apenas um vislumbre e deixe a imaginação do leitor completar o trabalho. 

Além disso, com o pouco horror apresentado (apenas um breve susto, na verdade), acho que esse conto não merecia seu lugar nessa coletânea, sendo o mais fraco até agora. 

Veja bem, NÃO posso dizer que é RUIM. Mas, como conto de horror e levando em consideração sua narrativa, não achei tão interessante.



NOTA: 6 / 10


      
 
LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Betty Kunz.