Quatro histórias que me fazem crer que King, Poe, Stoker e Storm não tinham gatos como bichos de estimação

De forma ampla e extremamente generalizante, vejo que há uma grande divisão na humanidade em três grupos distintos. Um grupo denomina "cachorrista" enquanto a outra é "gatista" e a outra é talvez um "middle group", onde as pessoas ou não se importam ou não "tomam partido".

Sei lá. De qualquer forma, isso tudo é simplesmente eu viajando e construindo uma introdução para um post...   

O fato é que, na ficção, na literatura, tenho reparado que um desses grupos me parece ganhar conotações bem negativas. Quer dizer, né, ultimamente tenho lido mais horror/terror/suspense e, com certeza, são muitas as vezes em que um gato está inserido nessas histórias e acaba se tornando um personagem agourento, vilão ou semeador da discórdia.

Sacanagem, é claro; coitados dos gatos. Mas, na terra do horror/terror/suspense, os papéis do "lado do bem" nem sempre podem ser preenchidos por animais tão independentes, calmos e "misteriosos" por natureza.

Então, aqui cito 4 histórias curtas, de 4 autores diferentes, nas quais esses bichanos participam diretamente na desgraça do protagonista e na instauração do caos!

STEPHEN KING

"O Gato dos Infernos" (1977): 

Um grande farmacêutico, já bem idoso e muito doente, encontrou em sua casa, alguns meses antes, um gato preto e branco. O velho, em seus tempos à frente de sua empresa, matou milhares de gatos em testes para uma nova droga, que contribuiria muito para sua riqueza posteriormente. Ao adotar o bicho, entretanto, as coisas começam a ficar terrivelmente estranhas. Pessoas morrem e et cetera. 

Então, ele decide contratar um assassino para dar um fim no gato em questão. Obviamente, nada vai ser fácil e os resultados são no mínimo brutais e asquerosos. De fato, acaba constituindo-se em uma boa história de terror, com certa ação e toques de "bloody disgusting". Além disso, o final é espetacular (no jeito terror de ser, claro).

EDGAR ALLAN POE

"O Gato Preto" (1843): 

Ah... um clássico, com certeza. Para quem não conhece Poe ou até mesmo não conhece muito de horror, é um conto realmente ótimo para começar. Poe pega uma criatura já estigmatizada pela cultura popular, o gato preto, e o transforma em um ser extremamente vingativo, que retorna dos mortos para acertar as contas com seu dono. Aliás, agora lembrando, o dono era um grandessíssimo FDP mesmo...  

Não há muito a se falar. Sério, você deveria ler. E eu deveria fazer uma resenha desse conto; afinal, é uma vergonha um blog que tem "Poe" e "bigode" no nome não ter essa resenha.     

BRAM STOKER

"A Selvagem" (1892):

No horror (até no do cinema, veja bem), Stoker certamente tem um nome conhecido. Só por "Drácula" seu currículo já tornou-se respeitável. Não conheço muito da sua obra, mas "A Selvagem" me parece mais um grande exemplo da frieza e determinação que esses autores cediam aos animais; principalmente quando estes estão buscando sua vingança. 

E claro que instrumentos de tortura, castelos medievais e uma gata ensandecida e calculista contribuem bastante para o conto e o horror. Ah, e novamente o animal parece ter motivos bem consistentes para efetuar a tragédia, uma vez que seu filhote é acidentalmente (ou não) morto por uma pedra em alta velocidade, jogada de cima de uma muralha... tenho certeza que muitos animais "racionais" fariam algo do tipo, mas enfim...

THEODOR STORM

"A Casa de Bulemann" (1864): 

 

Dessa vez, são dois gatos. Na verdade, Graps e Schnores não são tão centrais nessa história toda, pelo menos na minha interpretação. Quer dizer, eles participam de forma surpreendente na ruína do personagem principal, mas nada de forma definitiva; a revolta contra seu dono foi algo mais """"sutil"""" (com todas as aspas mesmo). 

O dono, no caso Bulemann, é extremamente desagradável e cruel; ele é o vilão por toda história e dá bons motivos para odiá-lo. Entretanto, a "maldição" que cai sobre ele, punindo-o por seus atos, é realmente inesperada e Graps-fera e Schnores-fera são os coadjuvantes necessários para levá-lo ao final surreal da história.