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domingo, 1 de setembro de 2013

5 HISTÓRIAS A PARTIR DE 5 OBJETOS

Em diversos estilos de narrativas, objetos inanimados (ou não) tomam lugar importante no enredo da história. É comum, inclusive, vermos que os títulos dessas histórias trazem sempre um certo mistério... 


Tipo, o nome é "O Ralador de Queijo". Apesar de ser algo simples, o título ajuda a trazer diversas perguntas, uma vez que um ralador de queijo é algo banal, do nosso dia-a-dia. "O que será que esse ralador de queijo tem de especial?", "O que será feito com ele?", "Aonde ele se encaixa com os personagens?"...


Bom, claro que talvez "O Ralador de Queijo" não seja o melhor exemplo de todos, mas acho que já serve para você, leitor inteligente (sim, eu sei que você é), entenda o que quero dizer ;)


Mas vamos logo com essa bagaça e vamos começar a minha curta listinha das histórias (que eu consegui lembrar nesse exato momento) que têm objetos como parte importante do enredo...



terça-feira, 13 de agosto de 2013

Quatro histórias que me fazem crer que King, Poe, Stoker e Storm não tinham gatos como bichos de estimação

De forma ampla e extremamente generalizante, vejo que há uma grande divisão na humanidade em três grupos distintos. Um grupo denomina "cachorrista" enquanto a outra é "gatista" e a outra é talvez um "middle group", onde as pessoas ou não se importam ou não "tomam partido".


Sei lá. De qualquer forma, isso tudo é simplesmente eu viajando e construindo uma introdução para um post...   

O fato é que, na ficção, na literatura, tenho reparado que um desses grupos me parece ganhar conotações bem negativas. Quer dizer, né, ultimamente tenho lido mais horror/terror/suspense e, com certeza, são muitas as vezes em que um gato está inserido nessas histórias e acaba se tornando um personagem agourento, vilão ou semeador da discórdia.


Sacanagem, é claro; coitados dos gatos. Mas, na terra do horror/terror/suspense, os papéis do "lado do bem" nem sempre podem ser preenchidos por animais tão independentes, calmos e "misteriosos" por natureza.


Então, aqui cito 4 histórias curtas, de 4 autores diferentes, nas quais esses bichanos participam diretamente na desgraça do protagonista e na instauração do caos!



quinta-feira, 4 de julho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "O Que Foi Aquilo? Um Mistério" (Fitz-James O'Brien)

Impossível começar essa pseudo-resenha sem antes comentar o título do conto.


"O que foi aquilo? Um mistério". Sério mesmo...? 


Pergunta e resposta no título é uma coisa complicada e, sim, eu considero uma parte importante o título da história. Não quero dizer que seja a coisa mais essencial nem mesmo que seja uma das mais essenciais, mas títulos ruins geralmente não são um bom presságio para a leitura.


Felizmente, o irlandês Fitz-James O'Brien compensou sua incapacidade de criar títulos atrativos com sua narrativa e premissa envolvente.


Narrado em primeira pessoa, a história trata da experiência do protagonista em viver hospedado em uma pensão que foi estabelecida numa casa que era tomada como mal-assombrada pelos seus antigos proprietários. Algo bem "Atividade Paranormal", móveis mexendo-se, presenças e barulhos estranhos; mas sem as câmeras, claro.


http://travsd.files.wordpress.com/2011/10/avt_fitz-james-obrien_8892.jpg
Fitz-James O'Brien (1828 - 1862)
Entretanto, desde que os hóspedes da pensão se mudarão para o lugar, nada de estranho havia acontecido. Passou-se um tempo e as discussões quanto a verdadeira natureza assombrada da casa começaram a ser levantadas.



Até que um dia, claro, o narrador vai deitar-se e é atacado, no breu, por alguma coisa com características humanóides. Ele consegue desvencilhar-se e subjugar a coisa.


Então, é hora de acender as luzes e ver pela primeira vez seu agressor. Obviamente, ele terá uma curiosa surpresa que evolui, aos poucos, para o grotesco. 



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FINAL (SPOILER): A criatura que o atacou é invisível e ele, com ajuda de outras poucas pessoas, começam a procurar meios para descobrir como saber a sua real aparência. Com o auxílio de um médico, eles conseguem um molde do agressor e percebem que é um ser mais estranho do que o esperado, uma espécie com rosto demoníaco. Presa, a criatura recusa-se a comer, mas prossegue presa no quarto do narrador até que, enfim, morre.
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A premissa me lembrou bastante Poe e a narrativa, como já dei a entender, me agradou bastante, intrigando facilmente o leitor.


Mesmo assim, na minha visão houve duas falhas na obra em si:

  • O título que mais parece de uma história de quinta categoria sobre detetives;
  • Achei engraçado que nenhum personagem tentou aprofundar-se mais na criatura em si, estudando ou chamando médicos para analisá-la de forma mais incisiva;
   


De qualquer forma, é uma leitura bem recomendável se desconsiderarmos o título um tanto tosco. ;)






NOTA: 8,5 / 10





 
  
LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Roberta Saraiva.

domingo, 23 de junho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "A Selvagem" (Bram Stoker)

Pra quem se interessa por Literatura ou mesmo por lendas medievais, o nome de Bram Stoker provavelmente já significa alguma coisa. Para alguém que não esteja tão inserido nesses meios e talvez não saiba, Bram Stoker foi o autor que escreveu nada mais, nada menos, que a versão mais conhecida atualmente do conde da Transilvânia e sugador de sangue, Drácula.


"Drácula" com certeza virou um marco na literatura de horror/terror. Isso é tão verídico que existe o famoso Bram Stoker Awards, um festival que premia os melhores escritores e histórias de horror/terror do ano em questão.


O escritor irlandês, infelizmente, ficou um pouco "prejudicado" com a enorme fama desse principal romance, pois sua obra ficou resumida, pela maioria das pessoas, à apenas "Drácula", quando na verdade sua obra estende-se por outras histórias negligenciadas, mas nem por isso ruins. 


De fato, eu admito que, até pouco tempo, eu mesmo não tinha conhecimento de outro título dele, apesar de acreditar que não tivesse só escrito isso. 


Mas vamos ao conto:


O narrador e a esposa estão em sua lua de mel. Durante essa viagem de recém-casados, decidem ir para a cidade alemã de Nuremberg visitar o conhecido Castelo medieval da cidade que, além de suas muralhas, chama a atenção pelas suas antigas câmaras de tortura da época da Inquisição.


http://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/01/55/5e/61/nuremberg-kaiserburg.jpg
Castelo de Nuremberg

Durante a viagem, encontram Hutcheson, um americano. Apesar de ser educado com o casal, narrativamente ele é construído como uma caricatura: fala com gírias e linguagem chula, detesta índios, anda sempre armado, critica a Europa e tem uma tendência a se interessar muito por violência e, já que está em Nuremberg, tortura.




Já nas muralhas do Castelo, eles reparam em uma gata brincando com seu pequeno filhote, na base da construção lá em baixo. 


Hutcheson, mesmo com boas intenções, têm uma ideia incrivelmente idiota: ele decide atirar uma pedra de cima da muralha para cair ao lado dos animais e, assim, observar a reação e a curiosidade dos bichanos quanto ao objeto "caído do céu".  


E dá merda, claro. 
Por um erro de cálculo e uma possível leve curvatura da muralha, ele acaba acertando em cheio o pobre filhote, matando-o na hora. A sua mãe, no entanto, é tomada por um ódio incrível, direcionado ao americano.


Chocados, todos prosseguem sua excursão no Castelo e reparam que aquela gata está os seguindo, lá de baixo. Hutcheson, no entanto, não dá muita importância ao fato.


Assim, eles chegam à principal atração do lugar: a Torre da Tortura. Sendo os únicos visitantes naquele horário, o casal e o americano entram apenas na companhia de um zelador que espera ganhar alguns trocados como guia turístico. A gata, entretanto, não parece estar mais lá.


Eles entram naquelas câmaras escuras, cheias de aparelhos horríveis, pontudos e enferrujados, onde centenas ou milhares de hereges sofreram até morrer.


http://seawaves.us/na/Inquisitions/Iron%20Maiden.jpg
Virgem de Ferro
Mas algo chama a atenção de todos: a Virgem de Ferro (conhecida também como Dama de Ferro ou Virgem de Nuremberg). Esse aparelho constitui-se, basicamente, de uma espécie de sarcófago de ferro no qual o condenado entrava amarrado e depois se fechava a porta. 


O problema é que na parte interna da porta existem "espetos" afiadíssimos que, mesmo já enferrujados, furariam e rasgariam a pessoa em muitas partes.


Acaba que, Hutcheson decide saciar sua curiosidade de entender como era toda a experiência entrando no aparelho de tortura.


Mas, obviamente, nem tudo pode dar certo em um conto de horror/terror. 


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FINAL (SPOILER): Se já não tiver ficado claro, a porta se fecha e mata Hutcheson na hora. Isso só acontece porque a gata surge na câmara e ataca ferozmente o zelador que estava mantendo a porta aberta.
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https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir27OCtSlVWlQSu88oxKB_ET5QG6l4qGDwTRw9q_Hx9X5gBjhWfEtsR7B5BG3R2bzKQvL3ayMNVKbVYoXy-8QztFmIxmr_U4EL6HsijKGcbhvRBbzXKLSi5KoCMu9ST2lL8RyipFHTSKE/s1600/bramstoker.jpg
Bram Stoker (1847 - 1912)


Eu achei ótimo o conto. A descrição dos lugares e dos instrumentos de tortura, juntamente com a construção dos personagens, inclusive a gata, foram praticamente perfeitas na minha opinião.



A única ressalva que faço é que há elementos que tornam o desfecho um pouco fácil demais de ser previsto. Porém, isso foi bem remediado pelos fatores citados no parágrafo anterior, ou seja, o "fator surpresa" acabou não fazendo tanta falta assim por causa da qualidade do texto.




Recomendo e fiquei mais interessado ainda pela obra de Stoker.





NOTA: 9 / 10





LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Sonia Moreira.    

sábado, 27 de abril de 2013

"Dublinenses" (James Joyce)



Pois é, primeira pseudo-resenha do blog chamado de "O Bigode do POE" e ela é de "Dublinenses", de James Joyce. COERÊNCIA É PARA OS FRACOS.


Mas, sinceramente, eu queria começar com algo do Poe... só que acontece que faz um tempo que não leio nada dele. Então, pra não correr o risco de falar muita groselha, eu acabei decidindo falar desse último livro que li mesmo. (Apesar de que James Joyce não talvez não seja uma coisa tão fácil assim pra começar, maaasss...)




 
Bom, "Dublinenses" foi o segundo livro publicado do sr.Joyce, em 1914. Ele é composto por 15 contos que retratam situações (algumas até mais comuns) vivenciadas por habitantes da capital da Irlanda e cidade natal do próprio Joyce, Dublin (OH REALLY? FAZ SENTIDO O TÍTULO NÉ?). 


 
Apesar de não saber se esse é o termo certo, eu acabei chamando os contos de "retratos", porque parece, de fato, que algumas histórias se empenham mais em demonstrar quais são os sentimentos e as impressões dos personagens do que desenvolver uma história complexa e tal.


 
E não, isso não foi uma crítica. O livro é muito bom justamente por causa disso: ele traz de forma delicada os sentimentos, paisagens e impressões, tornando a história de certa forma "preenchida", mesmo com as poucas páginas que cada uma possui. 

 
Curiosamente, os "retratos" seguem uma certa ordem cronológica: os primeiros contos tem foco na infância e os seguintes passam pela adolescência, vida adulta e velhice.

 
Bom, já adianto que o livro é foda então vamos lá, mini-sinopses/comentários do MEU TOP 5 dos "retratos" que EU mais gostei:

------------ PODE CONTER SPOILERS OU "SEMI-SPOILERS"------------

Um encontro: Gostei muito desse. Sério. Começa parecendo uma simples narrativa de uma ~traquinagem marota~ de um grupo de meninos. Entretanto, o final muda tudo e dá um clima mais sombrio, destruindo a aparência inocente da história.



 
Uma Pequena Nuvem: Apesar de não ter entendido o título (não me julguem), esse com certeza é um dos melhores do livro. Novamente aquela sutileza e dessa vez usada pra mostrar o remorso da pessoa ao perceber que desperdiçou oportunidades ótimas e fez as escolhas erradas. O final, na minha opinião, é incrível. Sério.


Terra: Voltando à programação normal, esse conto é ótimo também. E simples. Mostra a relação emocional entre uma espécie de governanta e a família do filho de seus antigos amos. Entretanto, o conto é cheio de simbolismos e o final é muito bonito.



 
Um Caso Doloroso: Esse fica empatado com "A Pequena Nuvem". É extremamente melancólico, mas de uma exímia sensibilidade. A solidão e a dor de um possível amor predominam no texto.


 
Os Mortos: O conto mais longo do livro (47 páginas). A parte final com certeza faz a leitura toda valer a pena e se mostra um bom fechamento pro livro.


--------------------- FIM DO SPOILER/ SEMI-SPOILER----------------


Enfim, "Dublinenses" é um ótimo livro. Como quase todos os "livros de contos" ele tem seus altos e baixos, mas com certeza suas qualidades prevalecem sobre seus "defeitos". Talvez para leitores menos "experientes" não seja uma experiência tão agradável, já que muitas histórias se baseiam mais em sentimentos do que em ações de fato. 


 
Bom, James Joyce consegue transmitir sua ideia. Sensibilidade, delicadeza, sutileza... a gente vê por aqui tudo isso está presente. 

 
Um puta livro. Apesar de que alguns (poucos) contos foram meio... meh...

 


NOTA:  8/10

 


E que venha "Ulysses"! (Ou não, né).


 



LIVRO:
Dublinenses (1914), James Joyce. L&PM Pocket. Tradução: Guilherme Da Silva Braga.