Não é nada incomum que alguns textos ou romances mais metafóricos/filosóficos tendem a ser lidos e relidos ou interpretados e debatidos para que nós, leitores, possamos entender realmente o que aquelas palavras tentam nos dizer.
Quando peguei Kafka, já esperava que esses episódios poderiam acontecer. Ao que parece, estava certo: os dois contos que li até agora me exigiram reflexão mais demorada e leitura mais cautelosa, coisas que me lembraram as leituras de "Crime e Castigo" (Dostoiévski) e "A Outra Volta do Parafuso" (Henry James). [o que não significa que não tenham sido boas, bem pelo contrário, aliás]
Enfim, "Uma Pequena Mulher" é basicamente uma narrativa em primeira pessoa, na qual o narrador descreve (e como descreve) a relação conturbada dele com uma... bom, com uma "mulher pequena".
O negócio é o seguinte: ela odeia ele. Toda vez que o vê ou interage com ele, ela simplesmente dá um freak-out. Xinga, emburra, espuma pela boca, morde a canela dele... tá, talvez não esses dois últimos, mas com certeza ela não gostava do cara e não havia nenhum motivo aparente para isso.
Ele tentava se afastar e ela ficava mais ensandecida ainda. Dá a impressão que ela "busca" se irritar e ele não sabe como reagir. Na verdade, até se ele cometesse suicídio ela iria ter um treco e sairia espumando por aí.
A situação é uma rua sem saída. E assim continua durante anos.
Realmente, a história é exatamente essa descrição toda. E, como disse, tive que reler algumas partes...
Bom, sinceramente, não sei se entendi exatamente a "moral" do negócio (se é que há uma). O que pude perceber mais é que talvez seja um retrato daqueles casos de amor-ódio, na qual a "pequena mulher" por algum motivo não consegue suportar o sentimento que tem pelo narrador e converte isso para o extremo oposto... ("retrato" = "Dublinenses" feelings...)
Ou, sei lá, talvez não tenha entendido mesmo...
Bom, acho que sempre dá para pensar um pouco ao menos...
NOTA: 7 / 10
LIVRO:
"Um Artista da Fome seguido de Na Colônia Penal e Outras Histórias", escrito por Franz Kafka. L&PM POCKET. Tradução: Guilherme da Silva Braga.
Também sou encucada demais com esse conto.. eu pensei nela como algum tipo de consciência dele, aquela coisa de see auto julgar, sei lá um conflito interno. Acho que a mulherzinha podia estar dentro dele. Ou não, gosh sei lá u.u
ResponderExcluirPode ser também! Acho que minha interpretação não foi tão longe xD
ExcluirO conto é uma paródia as políticas de linchamento e o autoritarismo de um certo feminismo. Kafka participava de coletivos libertários.
ExcluirTalvez seja sobre a insatisfação pessoal, onde, mesmo que haja uma vida boa e equilibrada ela ainda esteja presente. Onde não há satisfação em viver ou deixar de viver, o incomodo permanente das coisas. Ele fala para o amigo sobre essa insatisfação, explicação a preocupação dele sobre o assunto, com isso, vem a sugestão de viajar por aí, no que para o protagonista não resolveria em nada.( foi o que eu interpretei)
ResponderExcluir