sábado, 10 de agosto de 2013

CONTO POR CONTO #2: "Uma Pequena Mulher" (Franz Kafka)

http://www.lpm-editores.com.br/v3/Imagens/um_artista_da_fome.jpgNão é nada incomum que alguns textos ou romances mais metafóricos/filosóficos tendem a ser lidos e relidos ou interpretados e debatidos para que nós, leitores, possamos entender realmente o que aquelas palavras tentam nos dizer.


Quando peguei Kafka, já esperava que esses episódios poderiam acontecer. Ao que parece, estava certo: os dois contos que li até agora me exigiram reflexão mais demorada e leitura mais cautelosa, coisas que me lembraram as leituras de "Crime e Castigo" (Dostoiévski) e "A Outra Volta do Parafuso" (Henry James). [o que não significa que não tenham sido boas, bem pelo contrário, aliás]


Enfim, "Uma Pequena Mulher" é basicamente uma narrativa em primeira pessoa, na qual o narrador descreve (e como descreve) a relação conturbada dele com uma... bom, com uma "mulher pequena".


O negócio é o seguinte: ela odeia ele. Toda vez que o vê ou interage com ele, ela simplesmente dá um freak-out. Xinga, emburra, espuma pela boca, morde a canela dele... tá, talvez não esses dois últimos, mas com certeza ela não gostava do cara e não havia nenhum motivo aparente para isso.


Ele tentava se afastar e ela ficava mais ensandecida ainda. Dá a impressão que ela "busca" se irritar e ele não sabe como reagir. Na verdade, até se ele cometesse suicídio ela iria ter um treco e sairia espumando por aí.


A situação é uma rua sem saída. E assim continua durante anos.


Realmente, a história é exatamente essa descrição toda. E, como disse, tive que reler algumas partes...


Bom, sinceramente, não sei se entendi exatamente a "moral" do negócio (se é que há uma). O que pude perceber mais é que talvez seja um retrato daqueles casos de amor-ódio, na qual a "pequena mulher" por algum motivo não consegue suportar o sentimento que tem pelo narrador e converte isso para o extremo oposto... ("retrato" = "Dublinenses" feelings...)


Ou, sei lá, talvez não tenha entendido mesmo...

Bom, acho que sempre dá para pensar um pouco ao menos...





NOTA: 7 / 10






LIVRO: 
"Um Artista da Fome seguido de Na Colônia Penal e Outras Histórias", escrito por Franz Kafka. L&PM POCKET. Tradução: Guilherme da Silva Braga.

4 comentários:

  1. Também sou encucada demais com esse conto.. eu pensei nela como algum tipo de consciência dele, aquela coisa de see auto julgar, sei lá um conflito interno. Acho que a mulherzinha podia estar dentro dele. Ou não, gosh sei lá u.u

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    1. Pode ser também! Acho que minha interpretação não foi tão longe xD

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    2. O conto é uma paródia as políticas de linchamento e o autoritarismo de um certo feminismo. Kafka participava de coletivos libertários.

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  2. Talvez seja sobre a insatisfação pessoal, onde, mesmo que haja uma vida boa e equilibrada ela ainda esteja presente. Onde não há satisfação em viver ou deixar de viver, o incomodo permanente das coisas. Ele fala para o amigo sobre essa insatisfação, explicação a preocupação dele sobre o assunto, com isso, vem a sugestão de viajar por aí, no que para o protagonista não resolveria em nada.( foi o que eu interpretei)

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