quinta-feira, 4 de julho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "O Que Foi Aquilo? Um Mistério" (Fitz-James O'Brien)

Impossível começar essa pseudo-resenha sem antes comentar o título do conto.


"O que foi aquilo? Um mistério". Sério mesmo...? 


Pergunta e resposta no título é uma coisa complicada e, sim, eu considero uma parte importante o título da história. Não quero dizer que seja a coisa mais essencial nem mesmo que seja uma das mais essenciais, mas títulos ruins geralmente não são um bom presságio para a leitura.


Felizmente, o irlandês Fitz-James O'Brien compensou sua incapacidade de criar títulos atrativos com sua narrativa e premissa envolvente.


Narrado em primeira pessoa, a história trata da experiência do protagonista em viver hospedado em uma pensão que foi estabelecida numa casa que era tomada como mal-assombrada pelos seus antigos proprietários. Algo bem "Atividade Paranormal", móveis mexendo-se, presenças e barulhos estranhos; mas sem as câmeras, claro.


http://travsd.files.wordpress.com/2011/10/avt_fitz-james-obrien_8892.jpg
Fitz-James O'Brien (1828 - 1862)
Entretanto, desde que os hóspedes da pensão se mudarão para o lugar, nada de estranho havia acontecido. Passou-se um tempo e as discussões quanto a verdadeira natureza assombrada da casa começaram a ser levantadas.



Até que um dia, claro, o narrador vai deitar-se e é atacado, no breu, por alguma coisa com características humanóides. Ele consegue desvencilhar-se e subjugar a coisa.


Então, é hora de acender as luzes e ver pela primeira vez seu agressor. Obviamente, ele terá uma curiosa surpresa que evolui, aos poucos, para o grotesco. 



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FINAL (SPOILER): A criatura que o atacou é invisível e ele, com ajuda de outras poucas pessoas, começam a procurar meios para descobrir como saber a sua real aparência. Com o auxílio de um médico, eles conseguem um molde do agressor e percebem que é um ser mais estranho do que o esperado, uma espécie com rosto demoníaco. Presa, a criatura recusa-se a comer, mas prossegue presa no quarto do narrador até que, enfim, morre.
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A premissa me lembrou bastante Poe e a narrativa, como já dei a entender, me agradou bastante, intrigando facilmente o leitor.


Mesmo assim, na minha visão houve duas falhas na obra em si:

  • O título que mais parece de uma história de quinta categoria sobre detetives;
  • Achei engraçado que nenhum personagem tentou aprofundar-se mais na criatura em si, estudando ou chamando médicos para analisá-la de forma mais incisiva;
   


De qualquer forma, é uma leitura bem recomendável se desconsiderarmos o título um tanto tosco. ;)






NOTA: 8,5 / 10





 
  
LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Roberta Saraiva.

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