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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "Sofia, o Motorista e o Cobrador" (Andréa del Fuego)

Durante esse CONTO POR CONTO #3, essa edição da Granta em Português me trouxe uma oportunidade de conhecer novos autores e autoras poucos conhecidos no Brasil. Entre eles, além dos gringos, existem autores brasileiros que eu, particularmente, nunca tinha ouvido falar.


Tá certo que esses casos nem sempre propiciaram grandes experiências (vide "Garimpo" e "Na varanda..."), mas só o conhecimento sobre a existência de contistas brasileiros já vale a pena, eu acho.


De qualquer forma, aí está Andréa del Fuego e "Sofia, o Motorista e o Cobrador". A autora inclusive já ganhou o Prêmio José Saramago em 2011 pelo seu romance "Os Malaquias".


Mas nada mais propício para uma história brasileira se contada no maior meio de transporte do país, certo? O cenário do conto é basicamente só o interior do ônibus durante o passar de um longo período de tempo, com pouquíssimas partes na casa do protagonista.


O cerne do conto é essencialmente a relação dele, o narrador/cobrador sem nome, com uma passageira do ônibus da linha que ele trabalha, a tal Sofia. 


Nisso tudo, existem dois detalhes interessantes:


- O cobrador/narrador perdeu o olfato quando ainda era criança.


- Ele e Sofia nunca se falaram. Na verdade, sequer se olharam direito.



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Andréa del Fuego (1975)
E mesmo assim ele acredita fielmente que existe uma ligação silenciosa entre os dois. A partir disso, ele sofre com qualquer mínima alteração na rotina do ônibus e de Sofia, criando teorias do que estaria acontecendo com ela, mesmo sem ter A MENOR IDEIA do que ela faz de sua vida fora do ônibus.




Depois de um tempo, a coisa começa a ficar um pouco perturbadora.


De fato, as linhas de ônibus nas quais ele trabalha são toda a sua vida.


Dá um pouco de pena, mas principalmente desconforto ao reparar nessa obsessão do estranho protagonista. Ainda mais porque Sofia parece ignorar completamente sua existência.


Isso tudo que acabei de apontar são as partes positivas. 


O problema é que é um conto longo, tem mais de 30 páginas. 


Trinta páginas de ônibus, Sofia, motorista, cobrador. Ônibus, Sofia, motorista, cobrador. Ônibus, Sofia, motorista, cobrador.  


Mesmo com um vocabulário bem simples, preciso dizer que cansou um pouco?


Eu esperava que haveria alguma coisa mais interessante, um grande plot-twist e... não foi dessa vez, tente novamente.


Não é má vontade com autores brasileiros. Porém, assim fica complicado.


[Ah, e descobri que esse conto ganhou um prêmio do Ministério da Educação em 2007. Vou ter que discordar com o Governo Federal dessa vez.] 








NOTA: 6 / 10









LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "Aquele Ano Em Rishikesh" (Adriana Lisboa)

Adriana Lisboa é um escritora brasileira que conseguiu reconhecimento internacional. Quer dizer, o simples fato de suas obras já terem sido traduzidas para diversos outros idiomas já nos mostra que ela conseguiu certo prestígio por seu trabalho.


Morando atualmente nos EUA, Lisboa já ganhou inclusive grandes prêmios, como em 2003 com o Prêmio José Saramago, que é destinado a jovens escritores da língua portuguesa. Ela recebeu tal honra pelo seu romance de 2001, "Sinfonia em Branco".


"Aquele ano em Rishikesh" foi meu primeiro contato com a escritora e devo admitir que foi uma experiência curiosa e positiva.


Curiosa porque o conto, apesar de ser bem curto, começa de uma forma que me fez pensar que o seu restante seria sobre os devaneios do menino protagonista (imaginei uns 12 anos, não sei porquê), fã de Beatles e principalmente de George Harrison.


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Adriana Lisboa (1970)
Mas acontece que aos poucos o negócio se encaminha para focar na relação do tal menino com sua avó doente e o vínculo que eles criam um com outro, mesmo com a velha estando de cama e delirante.


E, por incrível que pareça, a força que cria e mantém tal vínculo são as canções que o menino consegue tocar em sua guitarra, aproximando a vó a partir das melodias e harmonias dos próprios Beatles, claro.


É um conto de narrativa fácil, que flui nas menos de 10 páginas. Passa bem a atmosfera tensa que a doença da avó provoca e do alívio que as músicas acabam por trazer.


É delicado e ao mesmo tempo simples de entender e de se sentir.


A única ressalva, talvez, seja o final. Não é ruim, mas acho que haveria mais impacto se o restante da história tivesse se desenvolvido mais.


Mas gostei. Recomendo.






NOTA: 7,5 / 10  








LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "Na Varanda, Sobre o Bulevar" (Everardo Norões) [WTF?]

Sério, não tenho nada pra falar sobre esse conto. De verdade. Nada mesmo.


OK, só preciso dizer que fiquei meio abismado com a aleatoriedade da história. Basicamente, é o protagonista e sua relação com Zohra, uma muçulmana que é uma espécie de empregada. Só.


Me sinto até meio burro. O negócio tem 6 páginas. E não tirei praticamente nada dele. 


E, com certeza, não tem nenhuma "Medida Extrema", como supostamente deveria ter.


Só destaquei uma frase:


"Num relance, percebeu que os olhos de Zohra tinham o negror dos condenados, e por uma razão que nunca conseguiu entender ela começou a contar, num francês quase imperceptível, como havia sido repudiada."


Me decepcionei.
NOTA: 4 / 10;







LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "Garimpo" (Beatriz Bracher)

Não conhecia e nem nunca tinha ouvido falar de Beatriz Bracher. De fato, nem sabia que ela era uma escritora brasileira para início de conversa. Enfim, ela não é só isso no final das contas.


Além de ter escrito alguns romances e um livro de contos, ela também já produziu alguns roteiros. 


Mais um detalhe: todos os livros foram publicados pela Editora 34. E por um simples motivo: a mulher foi uma das fundadoras da editora (que eu particularmente gosto por fazerem edições muito caprichadas de clássicos russos).


Então, ela não é pouca coisa.


Infelizmente, não posso dizer que curti a primeira imersão na obra da sra. Bracher. "Garimpo" trata-se do diário fictício de uma escritora (pelo que eu entendi) brasileira que vai visitar o irmão no interior do Pará, onde ele administra minas para a extração principalmente de ouro.


Acontece que esse diário é sobre os últimos dias dela viva, pois ela acaba morrendo em um acidente de avião no trajeto de volta à São Paulo.


Isso não é spoiler, tá escrito na primeira página do conto, como se fosse a introdução da filha da escritora, que ficou por fim com o diário.


Assim, o texto é cheio de acontecimentos da viagem até o Pará e o que e quem ela encontra lá, algumas reflexões sobre a vida dela, etc. 


O mais peculiar é que a narrativa está da mesma forma que estaria escrito no suposto diário: parágrafos com alinhamento estranho, palavras abreviadas, erros ortográficos e as frases nem sempre parecem seguir a velocidade do fluxo de pensamento.

Beatriz Bracher (1961)

Na verdade, eu acho que isso não seria um problema tão grande em outra ocasião. Mas acontece que, realmente, achei a história cansativa e monótona. Eu esperava alguma surpresa ou introspecção e... nada. E isso piorava pelo fato de eu saber o que ia acontecer no final...



É um conto relativamente grande (umas 32 páginas) e me decepcionei...



[Detalhe: Beatriz Bracher lançou há pouco uma nova coletânea, chamada.... adivinha..... "Garimpo" xD]








NOTA: 5,5 / 10




 



LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara.