Decidi começar a conhecer Balzac por uma de suas
histórias curtas. Particularmente, o que me motivou a ler tal conto foi seu
título. Uma obra-prima que é ignorada me parecia sempre o resumo do artista incompreendido.
No final, não é bem assim... mas vamos lá:
Passando-se no longínquo ano de 1612 (o conto foi
escrito em 1832), a história é sobre a primeira imersão do jovem pintor Nicolas
Poussin no universo dos grandes artistas.
Ao ir conhecer o atelier de um grande pintor que
admira, ele acaba deparando-se com um velho de figura extremamente curiosa.
Logo ele descobre que o tal é um expert em artes, fazendo observações e críticas
incríveis sobre obras que todos consideram perfeitas.
O fascínio de Nicolas faz o velho permitir que o jovem
adentre em seu próprio atelier. E assim, Nicolas fica sabendo que o tal velho
expert está há uma década trabalhando em um único quadro secreto, uma obra que,
julgando todo o talento e perfeccionismo do velho, deve ser algo de outro
mundo.
No entanto, para terminar a pintura e mostra-la ao
mundo, o velho precisa de algo a mais. E Nicolas, cada vez mais obcecado pelo
mundo das artes, percebe que terá de fazer um sacrifício que pode quebrar seu coração...
É uma narrativa que, creio eu, irritaria alguns
leitores não tão interessados pela pintura e desenho. Existem longos diálogos (e
monólogos) sobre aspectos importantes dessas duas coisas. Tecnicalidades mesmo.
Eu, sempre um entusiasta no desenho, por outro lado, me
identifiquei bastante com alguns dos pensamentos e me interessei.
Honoré de Balzac (1799 - 1850) |
A construção de personagens, apesar de breve, é
eficiente. Também, os conflitos demonstrados são bem explorados e expostos.
O foco principal, claro, é sobre como o perfeccionismo
pode levar um artista a conflitos e, se não remediados, a uma loucura
incontrolável causada por sua própria criação e ambição. Isso foi abordado de forma muito surpreendente, no final das contas.
Apesar da escrita bem datada, é uma leitura que flui
facilmente – levando em consideração, claro, que é um clássico.
O final, talvez, tenha se perdido um pouco, no sentido
de que os últimos parágrafos me fizeram considerável confuso e exigiram uma
segunda lida.
Portanto, com tudo isso...
NOTA: 7,5 / 10
LIVRO:
"A Obra-prima Ignorada seguido de Um Episódio durante o Terror". L&PM POCKET. Traduzido por: Dorothée de Bruchard e Rejane Janowitzer.
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