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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "Cartas de Guerra" (António Lobo Antunes)

Entre 1961 e 1974, ocorreu um importante conflito no continente africano. Angola, Guiné-Bissau e Moçambique se reuniram, apoiados por diversos outros países, para conseguir sua independência de Portugal, que ainda tentava manter uma relação de colonialismo e autoridade com esses países.


Acabou que, depois da Revolução dos Cravos e o consequente novo regime político em Portugal, os movimentos de independência conseguiram receberam as colônias.


O fato é que, nesses anos de conflito, o futuro escritor português António Lobo Antunes foi mandado a uma base do exército português, na Angola, para atuar como médico no período entre janeiro de 1971 e janeiro de 1973. 


Ao ir para lá, ele deixava para trás sua esposa (recém haviam casado), que estava grávida de seu primeiro filho.


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Sempreatentos...aoperigo!.jpg
A Guerra Colonial Portuguesa
"Cartas de Guerra", então, não poderia ter um nome mais óbvio, pois trata-se de um compilado de 12 cartas enviadas por ele à sua esposa, explicando sua situação, a guerra, a saudade e o desenvolvimento de sua futura carreira literária.


Os episódios narrados por ele passam a mínima, mas perturbadora noção de como é o trabalho com os feridos e mortos no meio de um conflito. Sua saudade da esposa e da criança é evidente, com frases frequentes nos finais das cartas, por exemplo: 


"Meu amor meu amor meu amor eu gosto tudo de ti."

e    

"Gosto tanto tanto tanto de ti! Milhões de beijos!"


O maior "problema" do texto talvez seja sua narrativa alquebrada, como se as palavras não conseguissem acompanhar completamente o pensamento e o sentimento de Antunes na hora. 


Achei engraçado que não houve uma tradução do conto: está no português europeu e não no brasileiro. Por isso, a leitura fica um pouco mais arrastada e "difícil"...


Enfim...






NOTA: 6 / 10  






LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "A Aia" (Eça de Queiroz)

Escritor português, autor de histórias muito como "O Prime Basílio" e "O Crime do Padre Amaro", Eça de Queiroz é muito conhecido no Brasil e em Portugal por seu trabalho, principalmente o referente ao realismo.


É claro, porém, que a história, representando seu legado nessa coletânea de contos de horror, não poderia limitar-se ao realismo; deveria trazer algo mais tenso, mais fantástico, certo?


Em "A aia", somos apresentados a uma família real. O rei e sua respectiva rainha, acabaram de ter seu herdeiro e puseram, naturalmente, os cuidados da criança a sua confiável aia (ama, criada, serva responsável por filhos da realeza) que, inclusive, havia dado a luz, na mesma noite, ao seu próprio filho.


Não demora para que o rei tenha que partir para uma batalha em algum outro lugar e, poucos dias depois, surgir a notícia que teria sido morto na empreitada. Logicamente, sua esposa deverá tomar seu lugar enquanto o pequeno príncipe cresce.


Isso torna o trabalho da aia mais importante ainda, pressionada por cuidar do futuro de todos através da criação do herdeiro do reino.


Apesar de entender isso tudo e apreciar muito a família real, não há como negar que ela sente um amor maior por seu pobre filho que possui um futuro bem mais incerto.


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrZEPRKBbA1rBovOdy2fzb1evyUqwP_Y0xrgnDTXy-5TxTTDMAoKGeyW7QiHMoOZTZa_I36Gd-dPKGlH1Dt_3YcaxaX_3R9jPeBB8Bbsj0ZR-AFHNd5jiei7XIgzZEVQgsn49mgk6krnOz/s1600/queiros7.jpg
Eça de Queiroz (1845 - 1900)
O problema surge quando começam revoltas para tomar o trono da rainha e eliminar a família real. 


É em um desses ataques que invadem a morada da rainha e buscam, no quarto da aia, o herdeiro do trono. 


Isso deixa a criada em uma terrível situação, na qual deverá fazer escolhas rápidas e extremas para assegurar a proteção das crianças (príncipe e seu filho) ou de apenas uma delas....



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FINAL (SPOILER): A aia, no desespero, faz sua triste escolha: troca as crianças de berço, fazendo com que capturem e matem seu próprio filho e deixando o príncipe vivo. A revolta é vencida pelas forças reais e a rainha e o povo decidem recompensá-la, dando a opção da criada escolher um dos muitos tesouros do cofre real. Ela, destruída pela sua perda, escolhe um punhal cravejado de esmeraldas e tira sua própria vida para, assim, voltar para perto de seu querido filho.
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Gostei do conto. Não é nada muito assustador nem perturbador, mas tem um jeito interessante de deixar as coisas extremamente trágicas (quase teatrais) no final.


É fácil, flui rápido e a história prende a atenção, principalmente, pela dedicação e carinho que a aia, mesmo ainda sendo uma serva, tem pelos seus senhores.


O único problema foi isso (spoiler): como é que ninguém percebeu que não era o príncipe, se o filho da aia tinha um cabelo completamente diferente?


Mesmo assim, gostei, sr. Queiroz.


Gostei.






NOTA: 8 / 10





LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Alberto Manguel.