quinta-feira, 27 de junho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "A Aia" (Eça de Queiroz)

Escritor português, autor de histórias muito como "O Prime Basílio" e "O Crime do Padre Amaro", Eça de Queiroz é muito conhecido no Brasil e em Portugal por seu trabalho, principalmente o referente ao realismo.


É claro, porém, que a história, representando seu legado nessa coletânea de contos de horror, não poderia limitar-se ao realismo; deveria trazer algo mais tenso, mais fantástico, certo?


Em "A aia", somos apresentados a uma família real. O rei e sua respectiva rainha, acabaram de ter seu herdeiro e puseram, naturalmente, os cuidados da criança a sua confiável aia (ama, criada, serva responsável por filhos da realeza) que, inclusive, havia dado a luz, na mesma noite, ao seu próprio filho.


Não demora para que o rei tenha que partir para uma batalha em algum outro lugar e, poucos dias depois, surgir a notícia que teria sido morto na empreitada. Logicamente, sua esposa deverá tomar seu lugar enquanto o pequeno príncipe cresce.


Isso torna o trabalho da aia mais importante ainda, pressionada por cuidar do futuro de todos através da criação do herdeiro do reino.


Apesar de entender isso tudo e apreciar muito a família real, não há como negar que ela sente um amor maior por seu pobre filho que possui um futuro bem mais incerto.


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Eça de Queiroz (1845 - 1900)
O problema surge quando começam revoltas para tomar o trono da rainha e eliminar a família real. 


É em um desses ataques que invadem a morada da rainha e buscam, no quarto da aia, o herdeiro do trono. 


Isso deixa a criada em uma terrível situação, na qual deverá fazer escolhas rápidas e extremas para assegurar a proteção das crianças (príncipe e seu filho) ou de apenas uma delas....



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FINAL (SPOILER): A aia, no desespero, faz sua triste escolha: troca as crianças de berço, fazendo com que capturem e matem seu próprio filho e deixando o príncipe vivo. A revolta é vencida pelas forças reais e a rainha e o povo decidem recompensá-la, dando a opção da criada escolher um dos muitos tesouros do cofre real. Ela, destruída pela sua perda, escolhe um punhal cravejado de esmeraldas e tira sua própria vida para, assim, voltar para perto de seu querido filho.
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Gostei do conto. Não é nada muito assustador nem perturbador, mas tem um jeito interessante de deixar as coisas extremamente trágicas (quase teatrais) no final.


É fácil, flui rápido e a história prende a atenção, principalmente, pela dedicação e carinho que a aia, mesmo ainda sendo uma serva, tem pelos seus senhores.


O único problema foi isso (spoiler): como é que ninguém percebeu que não era o príncipe, se o filho da aia tinha um cabelo completamente diferente?


Mesmo assim, gostei, sr. Queiroz.


Gostei.






NOTA: 8 / 10





LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Alberto Manguel.

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