sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

PSEUDO-RESENHA: "Todo Dia" (David Levithan)

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSQ3WOmno0IS3hXaX4BqyHcrOjdMzg-0MU6L_NIEcYd-rpN1_bz0fgm-IDnnHnL2JrnWTyACfxHYl-ZuVFyMjZE3U4PnTZKu1rplS-omLC2Mr2e7dUHn3-cZF-RToBH0hHyHQ9eqT4_8E/s1600/Todo+dia.jpgTítulo: "Todo Dia"
Título Original: "Every Day"
Autor: David Levithan (EUA) 
Ano de Publicação: 2012
Publicação no Brasil (esta edição): 2013 
Quando foi lido: 20/02/2014 - 27/02/2014
Editora: Galera Record
Arte da Capa: Adam Abernethy
Número de Páginas: 277










[Só pra constar, não há spoilers nem nada que comprometa significativamente a leitura, a não ser quando sugerido]


  



"TODO DIA"



"A acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor."

[sinopse do Skoob]





O LIVRO



Antes de mais nada, é impossível não comentar sobre a INCRÍVEL e CRIATIVÍSSIMA premissa. Foi basicamente por esse motivo que eu me interessei por esse livro, além do fato de ser de um ator que sei que cria livros YA (jovem adulto) permeados de conflitos interessantes e comuns na vida de muitos jovens de hoje em dia.


Além disso, a narrativa é fluída, fácil e gostosa de se seguir, com os personagens principais tendo uma construção boa, mesmo sendo estruturada através da perspectiva de primeira pessoa (A).


O relacionamento romântico era esperado por mim e apareceu de forma realmente convincente e cativante. Foi fácil entender o sentimento apaixonado do ser etéreo (e protagonista) A. 


 photo david_levithan_zps7f3e5cc7.jpg
David Levithan
O "apaixonamento" de A por Rhiannon é bastante genérico: ele percebe a beleza e pureza da menina que nem todos reparam tanto. Porém, achei ok. Acho que isso, no final das contas, até acontece com bastante frequência na vida real também...


Outro grande mérito de Levithan e de sua ótima premissa  é o fato de que diversas realidades adolescentes (afinal, A só consegue ficar no corpo de alguém com a mesma idade que ele, 16 anos). 


Dessa forma, podemos ter em vista a realidade de diversos tipos de jovens: ricos e pobres, gordos e magros, certinhos e problemáticos, gays e lésbicas. De fato, estes últimos são muito bem explorados, e seus capítulos são realmente interessantes e até comoventes (sem lágrimas, mas comovente). 


No entanto, nem tudo são rosas. 


Devo dizer que fiquei absurdamente incomodado com o pouco aproveitamento e, diria até, a negligência de muitos aspectos que deveriam ser considerados sobre a existência do A, e que poderiam render outros tantos capítulos para compreendê-lo realmente . 


Isso talvez seria justificado pelo fato de ser um livro para um público mais jovem e, por isso, a proposta não é exatamente aprofundar-se tanto nas questões existenciais do protagonista...


Para isso, porém, eu me sinto forçado a dizer:

uma premissa tão boa, então, não deveria ser explorada como um simples livro de romance.



Por exemplo, A consegue acessar algumas informações/lembranças da pessoa, mas nem sempre consegue encontrar as emoções que as envolvem. 

Bom, não é necessário saber muito de Psicologia Cognitiva para saber que as memórias/informações que mantemos mais acessíveis são aquelas que, justamente, envolvem algum tipo de laço afetivo. Logo, se você consegue "acessar" a informação, é quase impossível não ter o mínimo vislumbre do sentimento e das emoções.


Ademais, outras coisas, como o fato de A sair do corpo exatamente quando chega à meia-noite (e não depois que ele dorme), foi algo meio difícil de engolir.


O problema maior, porém, talvez tenha sido as constantes brigas que tive com o protagonista, A. 


Ele, em determinados momentos, é todo preocupado em não afetar a vida cotidiana das pessoas que habita. No entanto, em outros casos, ele simplesmente manda tudo pra PQP e faz o que bem entender, simplesmente pra ficar junto da Rhiannon. 

Inclusive, Rhiannon é a responsável por vários momentos de retomada do bom-senso, coisa que A parece fazer questão de botar para o lado, apesar de em outros momentos tentar passar lições de moral.


Em alguns pontos da história, ele habita jovens desagradáveis e tem a preocupação de tentar melhorá-los. Em outros, ele simplesmente parece não se importar.


Continuando, A parece amar tanto Rhiannon que desconsidera completamente os conflitos e angústias que ela poderia ter ao entrar em um relacionamento tão conturbado.


Em termos de ritmo, por outro lado, o livro dá uma acelerada brusca nas últimas 20 páginas. 


O final também me preocupou e incomodou, mas acho melhor deixar na sessão de spoilers, lá embaixo...


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Eu sei que, em termos de análise, as minhas reclamações foram maiores que as opiniões positivas. 


Mesmo assim, eu juro que achei um livro bom. Apenas bom, mas ainda assim bom.


Por quê? Porque é um livro com premissa excelente, com discussões interessantes e um romance (com problemas) mas interessante de se acompanhar.


Está permeado de problemas? Na minha opinião, sim.


Mas é divertido, instigante e até comovente.


Ponto final.


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SOBRE O FINAL (HÁ SPOILERS):



Eu fiquei extremamente preocupado, pois, a partir do terceiro quarto do livro, a história parecia se encaminhar para um final completamente feliz, com todos os problemas resolvidos e A mantendo um corpo só para ele. 

Isso, para mim, era completamente impensável, devido as circunstâncias. Ia ser uma forçação de barra desnecessária e boba. Ia ser, na verdade, um final covarde.


Mas então, e o final?


Eu sempre tento pensar além do final do livro, filme, etc. 

E me diga: A criou lembranças para o garoto gente-fina, chamado Alexander, ficar com Rhiannon e os dois serem felizes juntos, certo?


E DAÍ?  


Sério, o próximo passo dessa relação pateticamente construída seria óbvio. O menino de fato ia ficar apaixonado por Rhiannon, mas e ela? Ela saberia que não era realmente A. Durante todo o livro, é demonstrado como as pessoas são diferentes, como suas consciências e vivências são diferentes (e isso é um mérito do autor). 


No entanto, o fato é que Alexander não é A. Rhiannon saberia sempre disso e Alexander poderia muito bem se diferenciar em alguns aspectos de A. 


Sua vida é completamente diferente da de um ser que possui todo dia alguém diferente.


Outra: a própria Rhiannon afirmava que era necessário para ela tentar eliminar seu ex-namorado, Justin, de sua cabeça. Mesmo Justin sendo um babaca, ele constituía uma série de sentimentos e lembranças que não poderiam ser apenas apagados de um dia para a noite. As pessoas são um pouco mais complicadas que isso e ela mostra em muitos momentos isso.


Então, que tipo de solução ótima é essa de A?


Os próximos passos eram débeis e ingênuos demais.


Ele simplesmente forçou mais uma coisa na vida de Rhiannon. 


Ele se tornou, no final, um casamenteiro barato e simplista.


No final, Rhiannon me decepcionou mais ainda por não pensar nisso tudo... 

 
  


 
     


     



Um comentário:

  1. Olá!
    Eu quero muito ler esse livro, li uma resenha há um tempinho atrás e achei a história super original.
    Estou seguindo aqui :)
    Bjs!
    http://marcasindeleveis.blogspot.com.br/

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