Da mesma forma que o já resenhado Will Self, Don DeLillo é um autor pouquíssimo conhecido aqui no Brasil e que, no exterior, nutre um razoável número de obras publicadas. De fato, a única obra sua publicada aqui é a coletânea de contos chamada "O Anjo Esmeralda" (Companhia das Letras).
Inclusive, é daí que vem a curiosa história da qual tratarei aqui e agora...
Antes de mais nada, um comentário (talvez) inútil sobre o título: eu tinha a forte impressão que a palavra "famélica" referia-se a alguma espécie de planta ou vegetal. Sério. Não faço ideia que tipo de associação eu fiz, maaaas...
Só pra constar, então, "famélica" não tem nada a ver com botânica. Na verdade, o termo é um sinônimo para "faminta" e "esfomeada". Pois é, viajei mesmo.
Bom, na história acompanhamos Leo, um cara extremamente calmo e introspectivo. Ele divorciou-se de Flory, mas mesmo assim continua morando com ela e, por muitas vezes, relacionando-se com ela (apesar de ela supostamente ter um novo namorado). Aliás, esse fato trouxe uma frase que achei interessante e quero compartilhar com você, leitor:
"Eles pararam de ter conversas significativas, dizia ela, e pararam de fazer sexo significativo."
Continuando: isso nem é a parte mais curiosa da vida de Leo: a sua rotina resumiu-se, durante diversos anos, a passar o dia todo em cinemas diferentes, olhando filmes diferentes; muitas vezes filmes estrangeiros, enormes e desconhecidos.
Don DeLillo (1936) |
Com isso, ele começou a perceber algumas pessoas que também tinham o mesmo estilo de vida. Assim, ele descobriu a mulher "famélica", que o fascina toda a vez que a vê.
E basicamente é isso. A obra estende-se sobre esses aspectos característicos da vida do cara e na reflexão do porquê de ele ter a necessidade de passar os dias no cinema e a relação dele com a tal "famélica". Ah, e também aborda a relação singular dele com Flory e o porquê de eles não conseguirem se separar mesmo divorciados.
Achei uma leitura um pouco cansativa e prolixa em diversos pontos. Mesmo assim, esse estranho hábito melancólico de Leo acaba por impulsionar a narrativa e reaviva a curiosidade do leitor.
Portanto, na minha opinião, é um conto com falhas, meio difícil, mas com pontos interessantes no final das contas.
NOTA: 7 / 10
LIVRO:
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara.Traduzido por Paulo Henrique Britto.
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