domingo, 23 de junho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "A Selvagem" (Bram Stoker)

Pra quem se interessa por Literatura ou mesmo por lendas medievais, o nome de Bram Stoker provavelmente já significa alguma coisa. Para alguém que não esteja tão inserido nesses meios e talvez não saiba, Bram Stoker foi o autor que escreveu nada mais, nada menos, que a versão mais conhecida atualmente do conde da Transilvânia e sugador de sangue, Drácula.


"Drácula" com certeza virou um marco na literatura de horror/terror. Isso é tão verídico que existe o famoso Bram Stoker Awards, um festival que premia os melhores escritores e histórias de horror/terror do ano em questão.


O escritor irlandês, infelizmente, ficou um pouco "prejudicado" com a enorme fama desse principal romance, pois sua obra ficou resumida, pela maioria das pessoas, à apenas "Drácula", quando na verdade sua obra estende-se por outras histórias negligenciadas, mas nem por isso ruins. 


De fato, eu admito que, até pouco tempo, eu mesmo não tinha conhecimento de outro título dele, apesar de acreditar que não tivesse só escrito isso. 


Mas vamos ao conto:


O narrador e a esposa estão em sua lua de mel. Durante essa viagem de recém-casados, decidem ir para a cidade alemã de Nuremberg visitar o conhecido Castelo medieval da cidade que, além de suas muralhas, chama a atenção pelas suas antigas câmaras de tortura da época da Inquisição.


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Castelo de Nuremberg

Durante a viagem, encontram Hutcheson, um americano. Apesar de ser educado com o casal, narrativamente ele é construído como uma caricatura: fala com gírias e linguagem chula, detesta índios, anda sempre armado, critica a Europa e tem uma tendência a se interessar muito por violência e, já que está em Nuremberg, tortura.




Já nas muralhas do Castelo, eles reparam em uma gata brincando com seu pequeno filhote, na base da construção lá em baixo. 


Hutcheson, mesmo com boas intenções, têm uma ideia incrivelmente idiota: ele decide atirar uma pedra de cima da muralha para cair ao lado dos animais e, assim, observar a reação e a curiosidade dos bichanos quanto ao objeto "caído do céu".  


E dá merda, claro. 
Por um erro de cálculo e uma possível leve curvatura da muralha, ele acaba acertando em cheio o pobre filhote, matando-o na hora. A sua mãe, no entanto, é tomada por um ódio incrível, direcionado ao americano.


Chocados, todos prosseguem sua excursão no Castelo e reparam que aquela gata está os seguindo, lá de baixo. Hutcheson, no entanto, não dá muita importância ao fato.


Assim, eles chegam à principal atração do lugar: a Torre da Tortura. Sendo os únicos visitantes naquele horário, o casal e o americano entram apenas na companhia de um zelador que espera ganhar alguns trocados como guia turístico. A gata, entretanto, não parece estar mais lá.


Eles entram naquelas câmaras escuras, cheias de aparelhos horríveis, pontudos e enferrujados, onde centenas ou milhares de hereges sofreram até morrer.


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Virgem de Ferro
Mas algo chama a atenção de todos: a Virgem de Ferro (conhecida também como Dama de Ferro ou Virgem de Nuremberg). Esse aparelho constitui-se, basicamente, de uma espécie de sarcófago de ferro no qual o condenado entrava amarrado e depois se fechava a porta. 


O problema é que na parte interna da porta existem "espetos" afiadíssimos que, mesmo já enferrujados, furariam e rasgariam a pessoa em muitas partes.


Acaba que, Hutcheson decide saciar sua curiosidade de entender como era toda a experiência entrando no aparelho de tortura.


Mas, obviamente, nem tudo pode dar certo em um conto de horror/terror. 


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FINAL (SPOILER): Se já não tiver ficado claro, a porta se fecha e mata Hutcheson na hora. Isso só acontece porque a gata surge na câmara e ataca ferozmente o zelador que estava mantendo a porta aberta.
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Bram Stoker (1847 - 1912)


Eu achei ótimo o conto. A descrição dos lugares e dos instrumentos de tortura, juntamente com a construção dos personagens, inclusive a gata, foram praticamente perfeitas na minha opinião.



A única ressalva que faço é que há elementos que tornam o desfecho um pouco fácil demais de ser previsto. Porém, isso foi bem remediado pelos fatores citados no parágrafo anterior, ou seja, o "fator surpresa" acabou não fazendo tanta falta assim por causa da qualidade do texto.




Recomendo e fiquei mais interessado ainda pela obra de Stoker.





NOTA: 9 / 10





LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Sonia Moreira.    

3 comentários:

  1. Muito bom eu sinceramente mo este livro minha professora me pediu para ler e fazer um resumo de tudo estou entrando em vários sites pra ter uma ideia de como fazer Mas este sinceramente foi o melhor parabéns!!!

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