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sábado, 3 de agosto de 2013

CONTO POR CONTO #1: "O Rapa-carniça" (Robert Louis Stevenson)

O ÚLTIMO POST DO PRIMEIRO CONTO POR CONTO DE "CONTOS DE HORROR DO SÉCULO XIX"!
 
Mais especificamente, o 33º post só dessa enorme trajetória iniciada no início desse blog que ainda se arrasta (nem engatinha).



Se você quiser ver os outros 32 posts, clique aqui.


Como última história a figurar nessa coletânea, Alberto Manguel, o organizador do livro, decidiu por mais um conto de um escritor escocês (o conto anterior, de Conan Doyle, era outro). Dessa vez, o escolhido foi Robert Louis Stevenson, mais famoso por ter escrito o clássico "O Médico e o Monstro". Eu, nunca tendo lido nada dele, mas compreendendo que a obra tem seu valor, fui com alguma expectativa à leitura.


http://www.chrisbeetles.com/sites/default/files/stock-images/THE-BODY-SNATCHER-1-C26316.jpg
"The Body Snatcher" (1884)
O título também foi algo que contribuiu para isso: "rapa-carniça" não é uma expressão que se ouve todo dia e com certeza tem algum tipo de impacto para uma história de horror/terror...


Resumidamente, o narrador nos conta das antigas andanças de dois ex-amigos, quando estes trabalhavam ainda na universidade de Medicina. O serviço deles não podia ser mais mórbido: eles devem administrar o "material de aula" para o misterioso professor de anatomia.


Aos poucos, o cenário começa a mudar com as desconfianças sobre a origem/procedência daqueles corpos que seriam analisados em aula. Mesmo com tudo isso, os dois ex-amigos sentem-se tentados enveredar-se em um estilo de vida cheio de crueldade, frieza e horror.

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Devo dizer que esperava mais. Tá certo que eu havia criado uma expectativa já no início; porém, a história realmente parecia se perder em alguns parágrafos excessivamente longos. 


http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/1b/Robert_Louis_StevensonJune_1885.jpg/220px-Robert_Louis_StevensonJune_1885.jpg
Robert Louis Stevenson (1850 - 1894)
Os personagens são interessantes e a premissa realmente é (terrivelmente) tentadora, mas seu desenvolvimento e desfecho me pareceram um pouco vazios. Inclusive, este último me pareceu ter sido "apressado", como se todas as outras partes anteriores tivessem sido bem trabalhadas e o autor, quando chegou no final, tivesse ficado de saco cheio com a história.

Não é ruim. Mas é um pouco fraco. Ou talvez tenha sido questão de gosto mesmo e o terrível monstro da expectativa tenha atacado e me deixado terrivelmente ferido. Não sei.



De qualquer forma, ainda tenho esperanças em "O Médico e o Monstro". ;)





NOTA: 7,5 / 10   




 
---- E foi um bom CONTO POR CONTO ;) ------


LIVRO: 
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Samuel Titan Jr.

terça-feira, 30 de julho de 2013

CONTO POR CONTO #1: "O Cirurgião de Gaster Fell" (Arthur Conan Doyle)

Dupin de Poe, Poirot de Christie e Holmes de Doyle.


Apesar de ser chato, é impossível referir-se ao Sir Arthur Conan Doyle sem mencionar seu mais icônico personagem, o detetive Sherlock Holmes.


Confesso que nunca fui muito empolgado quanto a esse exímio ser fictício. Na verdade, foram poucas as vezes em que senti alguma empatia por um personagem-detetive. 


Não lembro praticamente nada de Poirot.

Li há muitos anos uma única história de Sherlock Holmes, da qual não lembro nem o título, e não fiquei maravilhado com o negócio. A falta de vontade que tenho em ler as histórias do detetive deve ser algo ocasionado pelos resquícios inconscientes desse episódio... ou algo do tipo, sei lá... (mas gosto bastante dos filmes xD)

Entre esses 3 detetives clássicos que citei, Auguste Dupin foi o que mais me agradou; mesmo assim, contrastando fortemente com "Os Assassinatos da Rua Morgue", achei "O Mistério de Marie Rogêt" magnificamente chato...


Enfim...


Depois dessa enrolação desnecessária, devo dizer que fiquei surpreso ao ver que "O Cirurgião de Gaster Fell" não se aproxima absolutamente de Sherlock Holmes, tampouco de algum caso policial. Admito que essa era uma preocupação antes de ler o conto; até porque o título me lembra bastante os títulos das histórias de Mr. Holmes...




Quanto a história:


Depois de anos viajando pelo mundo e acumulando conhecimentos sobre tempos antigos, James Upperton sentiu uma vontade fortíssima de se isolar. Apenas com seus livros, ele viveria sozinho para aprimorar mais ainda pesquisa em diversos documentos ancestrais.


Primeiramente, ele se hospeda em uma pensão num vilarejo minúsculo da interior da Inglaterra. Depois de algum tempo lá, ele se depara com uma pequena casinha, mais isolada ainda no campo, onde poderia se instalar numa privacidade maior ainda.


Sir Arthur Conan Doyle (1859 - 1930)
Tudo corre bem até que surge na pensão, poucos dias antes dele se mudar para a casinha, uma mulher jovem, doce e com hábitos curiosos chamada Eva Cameron. Ninguém sabe ao certo os motivos para ela estar naquela insignificante vila e ela tampouco faz esforço de explicar.



Eles se tornam amigos, mas, no dia em que Upperton vai partir, ela lhe fala algo estranho: "O senhor me promete que vai aferrolhar a porta, à noite?"


Com essas últimas e curiosas palavras, Upperton chega em sua casinha. Entretanto, logo ele descobre que na verdade não está tão isolado do mundo quanto pensava: a pouco mais de um quilometro, moram duas pessoas em uma casinha muito parecida com a sua.


Essas pessoas são o misterioso "cirurgião de Gaster Fell" e outro homem mais velho e, aparentemente, com a saúde já debilitada.


Com o passar do tempo, as atitudes desses dois personagens tornam-se realmente confusas e perturbadoras, num ponto em que chegam a ser um tanto horríveis. 


Dessa forma, Upperton terá que se decidir se continuará isolado do mundo e indiferente ao resto do mundo ou se agirá para tentar descobrir o que está se passando ali...


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FINAL(SPOILER): Após quase ser atacado por uma figura estranha na calada da noite, tudo acaba voltando ao normal e Upperton recebe uma carta do Cirurgião. Ele explica que as coisas estavam tão estranhas em Gaster Fell porque aquele velho com aparência doente era o pai dele, o qual sofria de uma grave doença que o tornava extremamente violento em pequenos surtos de insanidade. Na carta, também se explica o motivo de Eva Cameron estar naquela vilarejo: ela também foi lá por causa de seu pai e seu irmão cirurgião, John Cameron.
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A história não é ruim, mas sabe...? Primeiro que não é aquilo tudo, nada de horror de gelar a espinha nem nada e o suspense não me pareceu tão forte assim...


Na verdade, aí estão meus poréns no que se refere à qualidade do conto:

- No início é beeem prolixo e excessivamente descritivo nas primeiras páginas;

- Acho que os personagens poderiam ter sido bem mais trabalhados. Sério, apesar de instigantes, faltou certa profundidade. Principalmente a Eva, que pra mim era a mais interessante e depois sua participação tornou-se quase descartável;

- A linguagem usada na narrativa é bem rebuscada. Até aí tudo bem, levando em consideração que foi escrito no século XIX. A gente entende. O problema é que a história já não é tããão legal assim; e, somado a um palavreado complexo, o negócio fica um pouco maçante...
(Exemplo:  "(...) magotes de campônios atoleimados a espichar o pescoço (...)")



Bom, resumindo: um pouco cansativo, mas válido apesar de tudo....







NOTA: 7 / 10







LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Ruth Vieira.