Dicas para começar a ler e prosseguir lendo Horror/Terror (4 estágios)

Primeiro de tudo, quero deixar bem claro que esse post não tem o intuito de ser uma cagação de regra lista de verdades absolutas, nem algo do tipo. 

São apenas dicas MINHAS e que eu as daria para quem me perguntasse por quais histórias desenvolver um gosto pelo gênero de horror/terror.

[sim, a maior parte dos títulos são de contos]

ESTÁGIO 1

O Travesseiro de Penas

É muito difícil sugerir "primeiras leituras", mas acho que pra começar é interessante um texto curto e eficiente na arte do horror. Por isso, já indico 3 clássicos da literatura do gênero:

O Travesseiro de Penas (Horacio Quiroga): Uma história simples, tanto de enredo como de narrativa, e que nos faz pensar, no início, que é só um conto dramático como outro qualquer. Com poucas páginas, é um clássico do escritor uruguaio. [presente em "Contos de Horror do Século XIX" e outras coletâneas do autor]

A Família do Vurdalak (A. K. Tolstói): Esse na verdade é meio longo, tem umas 30 páginas se não me engano, mas é interessante para quem se interessa por mitos e folclores estrangeiros. Apesar de longo, ele possui muitos acontecimentos de gelar a espinha, juntamente com momentos mais de "ação". [presente em "Contos de Horror do Século XIX"]

O Gato Preto (Edgar Allan Poe): Gatos pretos já não são muito bem vistos por muitas pessoas. Agora, não queira que um deles tente se vingar de você. Nesse caso, é melhor tomar bastante cuidado. Um clássico. [presente em diversas coletâneas do autor]

Aqui cabe um parênteses: esse conto, como muitos do Poe, são vendidos normalmente em edições com tradução mais "gentil", ou seja, há uma certa adaptação do texto para a linguagem ficar mais acessível aos dias atuais. Não sou muito a favor disso, apesar de ter lido a maior parte da sua obra nessas edições (que são as mais comuns no Brasil). Enfim, escolha a que mais lhe interessar ^^

ESTÁGIO 2

A Tumba

 

Dessa vez, alguns contos que acho que nem todos iriam gostar se fossem lidos no início, como primeiras histórias de horror.

A Mão do Macaco (W. W. Jacobs): Apesar de ser considerado um clássico por muitos leitores (eu me incluo), não é um conto que gere unanimidade em sua aceitação. Enfim, é uma história bem curta e simples (mais ou menos como "O Travesseiro de Penas") e traz uma característica de muitas histórias do gênero: a simples "sugestão do horror". Ótima pra se contar em torna da fogueira/lareira. [presente em diversas coletâneas de horror]

A Tumba (H. P. Lovecraft): Curto e com uma levada bem à la Poe (na minha opinião), é um conto também com uma premissa super-simples e que mostra-se, aos poucos, perturbadora. Óbvio, já que se fala de Lovecraft, a sanidade do protagonista está sendo posta à prova nessa história. A única ressalva é que a narrativa é bem mais descritiva, além de estar permeada por floreios poéticos. [presente em "A Tumba e outras Histórias"]

A Casa Mal-assombrada (Edith Nesbit): Com umas 12 páginas, esse conto não se trata do batido clichê da casa mal-assombrada. Ele traz uma nova perspectiva, mas não necessariamente menos perturbadora, dessa constante nas histórias de horror. É interessante, é diferente e acho que é uma boa experiência. [presente em "Contos de Horror do Século XIX"]

ESTÁGIO 3

Morella

 

Agora, histórias que trazem elementos um pouco mais... agressivos. Deixe-me explicar:

A Balsa (Stephen King): Essa é uma história que exala horror e terror. Há tensão, sangue, pavor, drama e uma criatura misteriosa e extremamente perigosa. Principalmente se você estiver "preso" em uma pequena balsa no meio de um lago. Recomendo muito, principalmente pela angústia que ela causa. [presente em "Tripulação de Esqueletos"]

O Festival (H. P. Lovecraft): Também constitui-se de uma leitura que requer bastante atenção. O horror, no início, está nos pequenos detalhes, são toques sutis, mas perturbadores. Depois, a coisa fica mais escrachada, porém ainda requer cuidado na leitura e uma imaginação (bem) aberta, ainda mais pelo fato de Lovecraft usar e abusar da "sugestão de horror". Afinal, ele é o "Mestre do Horror Inominável". [presente em "A Tumba e outras Histórias"]

Morella (Edgar Allan Poe): De novo, Poe. Não tem jeito. Esse é um dos meus contos favoritos dele. É simples e possui uma premissa que foi utilizada muitas vezes por outros autores e inclusive por ele mesmo. No entanto, a insanidade é mostrada primorosamente com doses consideráveis de sobrenatural. [presente em "Contos de Imaginação e Mistério]

ESTÁGIO 4

A Outra Volta do Parafuso

 

Por fim, histórias mais complexas e com elementos de caráter mais psicológico (que poderiam ser vistos apenas como parte de uma escrita "confusa"):

A Outra Volta do Parafuso (Henry James): Essa história, por sua vez, não é um conto. É considerada uma novela. Tem aproximadamente 180 páginas e é uma das narrativas que mais pode exigir atenção do leitor, pois seu conteúdo muitas vezes parece dúbio e o leitor tem que "decidir" se os acontecimentos são, de fato, reais. De qualquer forma, é bem interessante e mantém um final que até hoje reúne interpretações diversas.

N. (Stephen King): Conto excepcional e todo narrado através de cartas, e-mails, diários e pareceres psiquiátricos sobre um caso de transtorno obsessivo compulsivo (TOC). O horror se mescla com o TOC, envolvendo um mistério muito maior do que a princípio parecia existir. Exige a compreensão da angústia que é existente em pessoas com esse transtorno. [presente em "Ao Cair da Noite"]