segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CONTO POR CONTO #3: "À Vista do Lago" (Alice Munro)

“Não é a cabeça. É só a memória.”


Não deve ser muito agradável quando alguém questiona sua sanidade ou mesmo suas faculdades mentais. Principalmente se você vê alguma possibilidade de esse alguém estar certo. Duvidar de sua própria mente: isso sim não deve ser nada agradável.


Pulando esse comentário introdutório, vamos ao conto de Alice Munro. Você conhece Alice Munro? Não?!


É, eu também não conhecia. A princípio, não me preocupei muito com isso. A autora canadense de 82 anos nunca me foi apresentada antes. Fiquei curioso por perceber que sua obra era composta principalmente de contos. Ok, legal.


Meu conhecimento sobre o mundo da Literatura me pareceu um pouco mais tosco quando descobri que Alice Munro é, nada mais, nada menos, a VENCEDORA DO PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA DE 2013.


Com esse prêmio, ela foi considerada a “mestra do conto contemporânea”.


Como se não fosse o suficiente, a mulher ainda ganhou outra grande honraria: o Man Booker International Prize de 2009.


Só isso.


Felizmente, eu só soube disso depois de ler o conto. Por isso não fiquei condicionado a gostar mais nem menos da história.


Em “À Vista do Lago”, acompanhamos a protagonista Jean que, depois de errar o dia de uma consulta ao médico, é encaminhada para um médico especializado em idosos e memória. A clínica do tal doutor é aparentemente em outra cidade.


Assim, no dia seguinte, ela decide ir até à cidadezinha para já localizar o local da consulta. No entanto, ela tem grandes dificuldades de encontrar a clínica e por isso percorre de um lado para o outro a cidade.


É claro que nada vai ser tão simples e bonitinho; as coisas começam a parecer confusas...


Alice Munro (1931)
Apesar de ser um conto relativamente curto, admito que fiquei bem incomodado com diversas passagens que, na minha visão, ficaram demasiadamente descritivas. Essa prolixidade atrapalhou um pouco a leitura, principalmente pelo fato de que muitas coisas extensamente descritas não serem de suma importância para o desenvolvimento da história, da situação, cenário ou personagem.


No entanto, a atmosfera criada nos cenários da cidadezinha torna a experiência de leitura mais cheia de expectativas e tensão. Tudo parece prosaico e ao mesmo tempo estranho demais.


Mesmo com um tanto de prolixidade, a história desenvolve bem e a trama mantém o mistério de forma razoavelmente boa, até nas oscilações de ritmo da narrativa.


O final por si só, porém, vale metade da história. Eu realmente achei inesperado e esse fechamento é de um tom simples e sutil, ao mesmo tempo que é perturbador...


Talvez não seja primorosa, mas é um conto interessante!    






NOTA:  7,5 / 10









LIVRO: 
"GRANTA em Português (10): Medidas Extremas". Alfaguara. Traduzido por: Débora Landsberg. 

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