quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DEVANEIO: "Fahrenheit 451" e a Sociedade do Merthiolate Indolor

VisualizarTítulo: "Fahrenheit 451"
Título Original: "Fahrenheit 451"
Autor: Ray Bradbury (EUA) 
Ano de Publicação: 1953
Ano de Publicação no Brasil (esta edição): 2012
Quando foi lido: 10/09/2013 - 18/09/2013
Editora: Globo de Bolso
Tradução: Cid Knipel
Arte da Capa: Andrea Vilela de Almeida 
Número de Páginas: 256












[Só pra constar, não há spoilers nem nada que comprometa significativamente a leitura] 










Em "Fahrenheit 451", Ray Bradbury nos apresenta a uma sociedade distópica. Quer dizer, na superfície, ela é com certeza utópica para a maior parte das pessoas, mas se qualquer um começar a questioná-la, não demorará muito a perceber a distopia cuidadosamente maquiada por baixo.


O ponto central do livro é o fato de que, nessa sociedade, os livros são caçados e queimados. É crime possuir qualquer tipo de romance, poesia, ensaios ou qualquer coisa do tipo.


Por quê? Porque a humanidade queria tudo mais rápido, mais prático. Dessa forma, as coisas eram melhores quando já vinham mastigadas. Assim, ninguém precisaria gastar seu precioso tempo lendo qualquer tipo de livro, por exemplo. 


Tudo se tornou mais superficial e mais fácil e, por isso, qualquer sinal de intelectualismo, como o debate, a troca de ideias e a leitura começaram a ser vistos com maus olhos.


Afinal, é muito melhor continuar acreditando no que eu acredito do que ler e debater e correr o TERRÍVEL RISCO DE ESTAR ERRADO. Todos queremos ser felizes com nossas certezas, certo?


Então, se eu acho que 1+1 é igual a 3, pra que eu vou ler um livro que me explique tim-tim por tim-tim que, na verdade, 1+1 é igual a 2? 


Pra quê? Pra ficar triste, frustrado?


Por isso, os livros são queimados. Ninguém quer frustrar-se e quanto menos se sabe, menos se frustra, claro.


É a coisa da "Sociedade do Merthiolate Indolor". 


A solução é sempre mais simples, mais doce, mais fácil e mais rápida.


Não arde, não incomoda e não faz pensar sobre nossas atitudes anteriores.


http://edenpop.com/wp-content/uploads/2012/06/raybradbury2.jpg
Ray Bradbury (1920-2012)
Se o debate incomoda, que seja eliminado. Se o livro contradiz, que seja queimado. 


Nessa sociedade de "Fahrenheit 451", as próprias interações sociais foram substituídas pela interatividade que a TV e outros aparelhos forneciam.


E, novamente, o conteúdo desses aparelhos era indolor. Você é o bom, você está certo, você está feliz e não importa o que acontece fora dessa sua bolha de utopia.


E assim, buscando o suprassumo da felicidade e da tranquilidade, alcançamos a antítese da evolução. Regredimos e ninguém se importa.


Em "Fahrenheit 451", as pessoas passam o dia todo na frente de enormes telas com programação interativa, chamadas "famílias". Enormes telas que suprem todas as necessidades superficiais de uma sociedade alienada.


Hoje em dia, talvez as telas sejam apenas menores e caibam no nosso bolso.


Ou vai ver que isso não passa de um livro antiquado da década de 50.


De qualquer forma, os fósforos parecem sempre estar disponíveis...



   
     

2 comentários:

  1. Fahrenheit 451 é excelente, gosto muito de livros na linha do 1984 falando sobre um futuro distópico. Você conseguiu retratar muito bem isso. Gostei MUITO do seu blog, a minha Santíssima Trindade é quase igual a sua, só que no lugar do Lovecraft eu coloca o Gaiman, infelizmente não tenho muito acesso ao trabalho do Lovecraft, então conheço pouco.

    Abraços.
    http://divisaoliteraria.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Po, interessante, até porque eu até hoje não tive muito acesso ao Gaiman xD

      Obrigado pela visita e comentário :D

      Excluir