quinta-feira, 13 de junho de 2013

CONTO POR CONTO#1: "Os Fatos no Caso do sr. Valdemar" (Edgar Allan Poe)

Confesso que é a terceira vez que leio essa curta e excelente história do mestre Edgar Allan Poe. Em nenhuma dessas três leituras achei a história monótona por já saber seu final e suas características principais.

Isso, com certeza, já diz bastante sobre a qualidade do conto.

É difícil não se interessar por uma premissa que traz uma experiência médica envolvendo hipnotismo e um paciente à beira da morte.

Poe foi meio que ignorado em sua terra natal, os Estados Unidos, mas muito apreciado em diversos locais da Europa. Mesmo assim, esse conto continua retratando os lugares que estavam mais próximos dele, como nesse caso Nova York, mais especificamente, o Harlem.
 
Narrado em primeira pessoa, o conto é o relato de um entusiasta em hipnose (ou mesmerização) sobre a experiência de morte pela qual o velho e tuberculoso sr. Valdemar passou (isso está exposto nas primeiras linhas, portanto, não é spoiler).     

Valdemar e o narrador (não sabemos o nome dele) combinam que, quando o primeiro estiver próximo de morrer pela sua doença, o segundo irá hipnotiza-lo a fim de descobrir quais são as consequências que o estado de torpor pode causar. 

Além disso, ele quer descobrir: "Será que a hipnose pode retardar a morte?"

Com a ajuda de médicos, o narrador descobre a hora aproximada da morte de Valdemar e, um pouco antes, começa os procedimentos.

Para a surpresa geral, Valdemar fica hipnotizado e não morre, apesar de sua saúde estar extremamente precária. Aos poucos, eles tentam se comunicar com o moribundo. Incrivelmente, ele responde às primeiras perguntas.


"Senhor Valdemar, o senhor ainda está dormindo?"

"Sim, dormindo ainda... morrendo." 
 



http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e7/Amazing_Stories_v01n01_p092_The_Facts_in_the_Case_of_M_Valdemar.png
"The Facts in the Case of M. Valdemar" (1845)
Entretanto, algo estranho acontece: quase todos os sinais vitais desaparecem e ele fica estático e frio como um cadáver, impossibilitado de responder à nada.

Mas há indícios que ele ainda tem algum tipo de vida dentro de si. Por isso, os médicos esperam para que a morte possa leva-lo de vez, quebrando a hipnose. 

Como Valdemar parece não partir para o outro mundo, o narrador e os médicos ficam numa terrível dúvida enquanto o tempo passa: 

Será que eles devem acorda-lo? E se acorda-lo, como ele reagirá?



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FINAL (SPOILER): Depois de quase 7 meses, Valdemar ainda está no mesmo estado. Os médicos e o narrador decidem tirá-lo do transe. A coisa fica feia: Valdemar solta um grito final; ele estava em uma espécie de limbo: estava vivo, mas não podia acordar, aprisionado em seu próprio corpo e com a hipnose impedindo a função da Morte. Ele grita e simplesmente apodrece na frente de todos: sete meses de decomposição em poucos instantes.   
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Sei lá, o conto é ótimo. Só tenho isso a dizer.

E recomendar que você leia. (é bem curtinho também, não seja preguiçoso(a) xD)





NOTA: 10 / 10





LIVRO:
Contos de Horror do Século XIX (2005), organizado por Alberto Manguel. Companhia das Letras. Tradução: conto traduzido por Jorio Dauster.  

3 comentários:

  1. Oi,
    quero muito comprar esse livro para que meu repertório de Poe aumente! Adorei esse conto! Estou supercuriosa. Mas é difícil não gostar de algo dele. Beijos!
    www.viagensinterliterariasalua.blogspot.com.br
    www.literaturaesquizofrenica.blogspot.com.br

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  2. Este conto é muito bom realmente, estou gostando bastante dos contos dele especialmente do "Demônio da Perversidade". E esse é muito interessante pelo fato como ele aborda e que fica muito claro seu inicio ao findar a narrativa. A sua maneira de se comunicar com o leitor especialmente quando narra em primeira pessoa é simplesmente genial.

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  3. Esse texto é útil pra que? Contar a narrativa sem analisar, sem dar nenhum tipo de informação que não está no conto é nada mais do que mediocridade.

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